30/05/2013

A EVOLUÇÃO DA FORMA

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Toda forma que vês
tem seu arquétipo no mundo sem-lugar.
Se a forma se desvanece, não importa,
permanece o original.

As belas figuras que viste,
as sábias palavras que escutaste,
não te entristeças se pereceram.

Enquanto a fonte é abundante,
o rio dá água sem cessar.
Por que te lamentas se nenhum dos dois se detém?

A alma é a fonte,
e as coisas criadas, os rios.
Enquanto a fonte jorra, correm os rios.

Tira da cabeça todo o pesar
e sorve aos borbotões a água deste rio.
Que a água não seca, ela não tem fim.

Desde que chegaste ao mundo do ser,
uma escada foi posta diante de ti, para que escapasses.

Primeiro, foste mineral;
depois, te tornaste planta,
e mais tarde, animal.
Como pode ser isto segredo para ti?

Finalmente foste feito homem,
com conhecimento, razão e fé.
Contempla teu corpo - um punhado de pó
vê quão perfeito se tornou!

Quando tiveres cumprido tua jornada,
decerto hás de regressar como anjo;
depois disso, terás terminado de vez com a terra,
e tua estação há de ser o céu.

Passa de novo pela vida angelical,
entra naquele oceano,
e que tua gota se torne mar,
cem vezes maior que o Mar de Oman.

Abandona este filho que chamas corpo
e diz sempre "Um" com toda a alma.
Se teu corpo envelhece que importa?
Ainda é fresca tua alma.

Rumi --(Texto extraído do livro "Poemas Místicos")

Campos Santos (Cemitérios)

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Os cemitérios são santuários naturais e pontos de força regidos por nosso pai Obaluaiê, no alto, e também são pontos de força de nosso pai Omolu, no embaixo. Os povos de todas as culturas têm os seus campos santos, os cemitérios, como lugares sagrados, para onde são devolvidos os corpos já sem vida ao Doador da Vida e que não devem ser profanados. São os pontos de transição do espírito, quando deixa a matéria e passa para o plano espiritual. Omolu, a terra geradora da vida, é uma divindade da terra. É o orixá que rege a morte, ou seja, o desencarne, o instante da passagem do plano material para o plano espiritual, conduzindo cada um ao seu devido lugar. É o Guardião dos Mortos e da Vida, pois paralisa todos que atentarem contra ela. É o Senhor das Almas, pois, se a Lei o ordenar, mantém os espíritos nos cemitérios após o desencarne. Ele guarda para Olorum os espíritos que, durante sua jornada terrena, fraquejaram e se entregaram à vivência de seus vícios emocionais. Em seu polo negativo, é o chefe de todos os executores da Lei dentro da Linha das Almas. Omolu é o executor das almas que caíram e têm de purgar os seus erros no astral inferior, também conhecido como umbral. Esse orixá paralisa todo processo criativo ou gerativo que se negativa, se desvirtuar, se degenerar, se desequilibrar ou se emocionar. Ele recolhe o espírito daqueles que ofenderam ao Criador, quando na carne, e que irão para os planos sem retorno. Mas, em seu polo positivo, ele é o puro amor divino, é a própria caridade divina no amparo dos espíritos caídos, até que os mesmos tenham se curado e retornado ao caminho reto. Toda a magia envolvendo os mortos está em seu reino, o ponto de forças dos cemitérios. Podemos orar a Omolu para a cura de enfermidades. Ele atuará no nosso magnetismo, no nosso corpo energético, no nosso campo vibratório e no nosso corpo carnal, curando-nos ou possibilitando o encaminhamento ao médico que fará isso.
Escrito por Mãe Lurdes de Campos Vieira

As Montanhas e Pedreiras

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As montanhas são santuários naturais e pontos de força de nosso pai Xangô, as pedreiras são pontos de força regidos por nossa mãe Yansã e por nossa mãe Niguê-iim (Egunitá). Nas montanhas e nas pedreiras podemos clamar por justiça ou por clemência. Aí, os seres são dinamizados e recolocados nos seus devidos níveis vibratórios energo-magnéticos. Xangô é o orixá da justiça e da razão. É o fogo que aquece os seres e os torna calorosos, ajuizados e sensatos. Ele paralisa e purifica nossos sentimentos com sua irradiação incandescente, abrasadora e consumidora das emotividades e desperta o senso de equilíbrio e equidade. É em si mesmo a justiça divina, é o guardião do ponto de forças da justiça e do fogo que purifica os pecadores; é o equilíbrio que tanto sustenta a estrutura atômica como o Universo e tudo o que nele existe. Quem absorve a qualidade equilibrador de Xangô torna-se racional, ajuizado e ótimo equilibrador do meio em que vive e dos que vivem à sua volta. Xangô é evocado para clamar por justiça divina ou para devolver o equilíbrio e a razão aos seres com procedimentos desequilibrados e emocionados. Atuam em nossas vidas anulando demandas cármicas, magias negras, devolvendo-nos a paz, a harmonia, o equilíbrio mental, emocional, racional e até a nossa saúde.
Escrito por Mãe Lurdes de Campos Vieira

29/05/2013

O que fazemos na Umbanda ?

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1 - Buscamos fervorosamente a evolução espiritual, através da caridade.

2 - A nossa doutrina não conserta a vida de ninguém, mas cria condições para que cada um conserte a sua própria vida, de acordo com o seu merecimento.

3 - Não Fazemos previsões de qualquer natureza

4 - Não pedimos o mal para nenhuma pessoa.

5 - O principal objetivo de nossos guias é fazer com que um frequentador procure primeiramente se encontrar com Deus e a partir desse ponto, que procure se auto-ajudar.

6 - Consulta no Terreiro é esclarecimento, conselho amigo e sábio dado por um guia de Luz e que enxerga longe, para ajudar a quem necessita, para caminhar na estrada difícil da escola da vida. Para guiá-lo para a luz.
– Aqui Cultivamos o Amor.

– A pessoa está na Terra para aprender uma lição de vida
– A mãe pode ajudar o filho e explicar o dever de casa, mas não pode fazê-lo.
A pessoa tem que lutar para conseguir o que deseja e ela tem um carma a pagar.
Numa prova cármica, em regra geral, ninguém pode interferir.
Estamos lançados numa trajetória porém temos livre-arbítrio e podemos nos desviar dela.

22/05/2013

Eis que 30 mil vezes depositamos.....

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Eis que 30 mil vezes depositamos, e numas expectativas em uma única pessoa, 30 mil vezes depositamos expectativas de correspondência em tantas outras pessoas e o fato que quanto maior a expectativa, maior a frustração. A vida é absolutamente assim, quanto mais a gente deposita, mais a gente acredita, maior a possibilidade da frustração, e na hora em que tudo isso acontece, exatamente a frustração, a decepção, as coisas que não acontece como a gente gostaria... A frustração liquida com a gente, baixa a autoestima, nos faz sentir culpa, nos derruba, parece que nos dificulta até no ato de perdoar não só outros, mas principalmente a si mesmo por ter confiado, por ter depositado, por ter acreditado, por ter alimentado uma esperança em algo tão bonito que vinha alimentando a sua vida. Mas é absolutamente assim, a gente imagina que quando há uma decepção, as coisas estão fechadas, escuras, no entanto há de se retomar tudo outra vez, a melhor forma é a gente conseguir não se culpar pelas coisas, ter responsabilidades diante dos atos, mas não ter a convicção de que há uma culpa por parte de alguém. Assim decisões, escolhas... As pessoas decidem, e nem sempre decidem a favor daquilo que a gente acredita ou aquilo que a gente apostava e queira, sonhava. Perdoar é fundamental aos outros e a si mesmo, pelas suas próprias expectativas e continuar acreditando não só no próprio perdão assumido, mas como também em uma nova expectativa, é preciso de novo acreditar, é preciso de novo confiar, e novamente em si mesmo o principio de tudo. Diz o mestre: o perdão pra isso tudo é uma estrada de mão dupla, sempre que perdoamos alguém ou a nós mesmo, estamos também perdoando o mundo, se somos tolerantes com os outros, somos também um pouco mais tolerantes com nossas próprias ações, fica mais fácil aceitar nossos próprios erros, assim sem culpa, sem amargura, conseguimos melhorar nossa atitude na vida. Se por um acaso por fraqueza surgir o ódio, surgir a intolerância, o rancor, a decepção... Elimine esse tipo de vibração.
Pedro perguntou um dia á cristo;
- Mestre devo perdoar 7 vezes meu próximo?
E cristo respondeu...
-Não apenas 7, mas 70 vezes, o ato de perdoar ao outro, a si mesmo limpa o plano astral, limpa o espírito, a alma, e nos mostra a verdadeira luz a ser seguida na vida, e ao que alimenta a alma e o que retoma a esperança.
jaguar místico

21/05/2013

SE EU MORRER ANTES DE VOCÊ

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Se eu morrer antes de você, faça-me um favor:
Chore o quanto quiser, mas não brigue comigo.
Se não quiser chorar, não chore;
Se não conseguir chorar, não se preocupe;
Se tiver vontade de rir, ria;
Se alguns amigos contarem algum fato a meu respeito, ouça e acrescente sua versão;
Se me elogiarem demais, corrija o exagero.
Se me criticarem demais, defenda-me;
Se me quiserem fazer um santo, só porque morri, mostre que eu tinha um pouco de santo, mas estava longe de ser o santo que me pintam;
Se me quiserem fazer um demônio, mostre que eu talvez tivesse um pouco de demônio, mas que a vida inteira eu tentei ser bom e amigo...
E se tiver vontade de escrever alguma coisa sobre mim, diga apenas uma frase:
-"Foi meu amigo, acreditou em mim e sempre me quis por perto!"
Aí, então derrame uma lágrima.
Eu não estarei presente para enxugá-la, mas não faz mal.
Outros amigos farão isso no meu lugar.
Gostaria de dizer para você que viva como quem sabe que vai morrer um dia, e que morra como quem soube viver direito.
Amizade só faz sentido se traz o céu para mais perto da gente, e se inaugura aqui mesmo o seu começo.
Mas, se eu morrer antes de você, acho que não vou estranhar o céu.
"Ser seu amigo, já é um pedaço dele..."

Chico Xavier

17/05/2013

O QUE É SER UM CAMBONO

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Os Cambonos são médiuns de sustentação, e são tão importantes quanto os médiuns ostensivos (de incorporação mediúnica) nos trabalhos de uma Casa Umbandista; eles também devem seguir certos procedimentos e ter a mesma dedicação e responsabilidade.
O Cambono, médium de sustentação, é aquele trabalhador, com mediunidade ostensiva ou não, que está presente ao trabalho, mas que não participa diretamente do fenômeno nem dos procedimentos de incorporação mediúnica para atendimentos.
Como o próprio nome diz, embora não esteja envolvido diretamente no fenômeno ou na assistência, faz a sustentação energética do trabalho, mantendo o padrão vibratório elevado por meio de pensamentos e sentimentos elevados.
Ao contrário do que se pensam, os médiuns cambonos de sustentação são tão importantes quanto os médiuns de incorporação, pois são eles que ajudam a garantir segurança, firmeza e proteção para o grupo e para o trabalho, enquanto os médiuns de atendimento fazem a sua parte e desenvolvem o trabalho assistencial.
Além disso, são eles também que ajudam os médiuns de incorporação, como já foi escrito linhas acima.
Considerando esse papel, podemos listar alguns requisitos importantes para os médiuns de sustentação:

Responsabilidade
Tanto quanto o médium de incorporação, o médium cambono de sustentação precisa conhecer a mediunidade e tudo o que diz respeito ao trabalho com a espiritualidade e as energias humanas, a fim de poder auxiliar eficientemente o dirigente do trabalho e os seus colegas médiuns ou não.

Firmeza mental e emocional
Como é o responsável pela manutenção do padrão vibratório durante o trabalho, o médium cambono de sustentação deve ter grande firmeza de pensamento e sentimento, a fim de evitar desequilíbrios emocionais e espirituais que poderiam pôr a perder a segurança do trabalho e dos outros trabalhadores.

Equilíbrio vibratório
Como trabalha principalmente com energias – que movimenta com os seus pensamentos e sentimentos o cambono, médium de sustentação deve. ter um padrão vibratório médio elevado, a fim de poder se manter equilibrado em qualquer situação e poder ajudar o grupo quando necessário.
Para isso, deve observar sempre a prática dos ensinamentos do templo, ou algo similar, bem como a preparação necessária na noite que antecede o trabalho e no dia propriamente dito, cuidando do descanso, da alimentação, da higiene física e mental, dos banhos ritualísticos, da firmeza da sua guarda, etc.

Compromisso com a casa, o grupo, os Guias Espirituais e os assistidos
O cambono, médium de sustentação deve lembrar-se de que, mesmo não tomando parte direta nas assistências, tem alguns compromissos a serem observados:
• Com a casa que trabalha: conhecendo e observando os regulamentos internos a fim de segui-los. Explicá-los, quando necessário, e fazê-los cumprir, se for o caso; dando o exemplo na disciplina e na ordem dentro da casa; colaborando, sempre que possível, com as iniciativas e campanhas da instituição.
• Com o grupo de trabalhadores em que atua: evitando faltar às reuniões sem motivos justos, ou faltar sem avisar o dirigente ou o seu coordenador; procurando ser sempre pontual nos trabalhos e atividades relativas; procurando colaborar com a ordem e o bom andamento do trabalho.
• Com os Guias Espirituais: lembrando que eles contam também com os médiuns cambonos de sustentação para atuar no ambiente e nas energias necessárias aos trabalhos a serem realizados, e que, se há faltas, são obrigados a "improvisar" para cobrir a ausência. Os Guias Espirituais devem ser atendidos com presteza e respeito.
• Com os assistidos: encarnados e desencarnados, que contam receber ajuda na Casa e não devem ser prejudicados pelo não comparecimento de trabalhadores. Todos deverão ser recebidos e tratados com esmero, dedicação, respeito e educação.

Ausência de preconceito
O cambono, médium de sustentação não pode ter qualquer tipo de preconceito, seja com os assistidos encarnados ou desencarnados, seja com os dirigentes, mentores, etc.
Ele não está ali para julgar ou criticar os casos que tem a oportunidade de observar, mas para colaborar para que sejam solucionados da melhor forma, de acordo com a sabedoria e a justiça de Deus.

Discrição
O cambono, médium de sustentação nunca deve relatar ou comentar, dentro ou fora da casa, as informações que ouve, os problemas dos quais fica sabendo e os casos que vê nos trabalhos de que participa. A discrição deve ser sempre observada, não só por respeito aos assistidos envolvidos, encarnados e desencarnados, como também por segurança, para que entidades envolvidas nos casos atendidos não venham a se ligar a trabalhadores, provocando desequilíbrios.
Os comentários só devem acontecer esporadicamente, de forma impessoal, como meio de se esclarecer dúvidas e transmitir novas informações a todos os trabalhadores, e somente no âmbito do grupo, ao final dos trabalhos.

Coerência:
Tanto quanto o médium de incorporação, o cambono, médium de sustentação deve manter conduta sadia e elevada, dentro e fora da casa em que trabalha, para que não seja alvo da cobrança de entidades desequilibradas, no intuito de nos desmascarar em nossas atitudes e pensamentos.
Como vemos as responsabilidades dos cambonos, médiuns de sustentação são as mesmas que a dos médiuns ostensivos, e exigem deles o mesmo esforço, a mesma dedicação e a mesma responsabilidade.

CONCLUSÃO
Como vimos, não é tão fácil ser um cambono. Para ser um, é preciso aprender tudo sobre os Orixás, os Guias Espirituais, o Templo e, principalmente, sobre a conduta que deve adotar para, depois, se for o caso, ser um bom médium de incorporação e alcançar a evolução espiritual até o Pai Maior.

16/05/2013

A IMPORTÂNCIA DOS CANTOS, DAS PALMAS, DO TOQUE E DA DANÇA NA UMBANDA

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*Cantos (pontos):


Devemos cantar de forma harmoniosa, dançando e batendo palmas de uma forma bonita e com sincronia, assim a vibração capta uma maior energia no plexo coronário facilitando com isso a irradiação e até a própria incorporação.

*Palmas:
Criam uma sonoridade, das quais as vibrações alcançam o centro de percepção, localizada no mental do médium, com isso facilitando o reajustamento de seus padrões energéticos.

*Toques e instrumentos:
O som do atabaque e dos outros instrumentos é de extrema importância, porque com as vibrações podem se adormecer o emocional, estimulando a percepção e alterando as irradiações energéticas. Nesse momento o guia espiritual se molda no campo eletromagnético do médium ajustando ao seu próprio padrão.

*Dança:
Para os iniciantes é difícil distinguir as sensações, podendo haver enjoos e tonturas que cessam quando a entrega for total e não havendo a tentativa de comandar os movimentos, já que quem deve comandar é o guia espiritual. Mesmo o médium não gostando a queda pode ocorrer por resistir à total entrega da incorporação. Mesmo a mais simples da interferência consciente pode anular a vibração dos seus guias ou enfraquecê-los, desequilibrando a dança e ao próprio médium. Nas giras as vibrações do médium e de seu guia espiritual se entrelaçam numa dança cadenciada facilitando a incorporação de seu guia.
Sarava a Umbanda.


15/05/2013

Sàngó e Yànsàn, uma única alma em corpos distintos.

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É muito comum vermos nas obrigações de Sàngó, a presença imponente da rainha dos ventos, Yánsàn. Em Salvador, é muito comum ouvir os antigos membros do Candomblé, falarem que Sàngó e Yánsàn são uma única alma, quando mas por que isso?

Sàngó, almejava ser muito poderoso e respeitado, para tanto, resolveu consultar um Sacerdote, afim de saber o que o grande Deus da adivinhação lhe recomendaria. O Sacerdote disse à Sàngó, que o mesmo deveria realizar um sacrifício, de modo que o mesmo conseguisse seus objetivos.

Após a realização da oferenda, Sàngó passou a falar com uma voz de trovão, bem como, começou a lançar da boca, grandes labaredas que incendiava onde fosse de sua vontade (Obá Onínálénu... - "O Rei que solta fogo pela boca..."). Esses poderes fizeram com que Sàngó fosse respeitado por todos, sendo chamado de Erujeje (o temido).

Yánsàn, ante ao poder de seu marido, interpelou o Deus da Adivinhação, à busca de tornar-se tão poderosa como Sàngó. O Deus da Adivinhação, por sua vez, aconselhou à Yánsàn, o mesmo sacrifício outrora indicado à Sàngó. Assim Yánsàn fez, adquirido os mesmos poderes.

O grande rei de Òyó, foi tomado por uma grande cólera ao descobrir que sua esposa havia adquirido poderes semelhantes aos seus, iniciando uma grande disputa entre as duas Divindades. Yánsàn recorreu à Olódùnmarè, para que ele, o grande pai da criação, desse fim ao impasse. Olódùnmarè determinou que a partir daquele dia, a voz de Sàngó soaria como o trovão e que provocaria incêndios onde ele bem entendesse, mas para que isto pudesse acontecer, seria necessário que Yánsàn, falasse primeiro, para que o fogo de suas palavras (o brilho dos raios - "Imana") provocassem o surgimento do som das palavras de Sàngó (o trovão), assim como o fogo que elas produzem sobre a terra (os incêndios provocados pelos raios que se projetam sobre a terra).

É por este motivo, até hoje, não se pode ouvir o estrondo do trovão sem que antes, um raio ilumine o céu. Quando isso ocorre, os membros do Candomblé, tem por costume, saudar Yánsàn e Sàngó (Epa Hey, Kawoooo).

Na Bahia, é comum se dizer que Sàngó e Yánsàn são uma única alma, em corpos distintos, alusão a história supra narrada. No terreiro de Òsùmàrè, anualmente ocorrem as festividades de Yánsàn e de Sàngó, em que alguns rituais como o do Ajere, recordamos dessa antiga história.

Que Òsùmàrè Arákà esteja sempre olhando e abençoando todos!!!
Ilé Òsùmàrè Aràká Àse Ògòdó

14/05/2013

O BENZIMENTO

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O Benzimento é uma prática muito antiga, benzer significa tornar Bento ou Santo. É uma prática comum a muitas culturas, mas aqui no Brasil ganhou força no período da colonização junto aos imigrantes que chegaram. Vale lembrar que os próprios Índios aqui já estabelecidos praticavam seus rituais de cura dentro de um conjunto de orações no seu próprio dialeto.
No quadro dos colonos tínhamos duas classes predominantes no Benzimento: as parteiras e os benzedeiros.
As parteiras eram as mulheres especializadas em partos, no qual, um bom parto se fazia rezando enquanto os benzedeiros eram homens que tinham um dom de rezar e benzer, seja com as próprias mãos, ou com um objeto de sua preferência.
O Benzimento atendia as necessidades mais precárias da população onde o acesso a um médico era muito restrito.
O Benzimento se dá no conjunto de rezas, na formulação de garrafadas, seja de proteção ou de dosagem, existem Benzimentos para proteção de casas residenciais e comerciais, crianças, animais de estimação, plantas, proteção do corpo e do espírito. O bom Bento, ou seja, aquele que realiza o Benzimento, se torna uma ferramenta prática de auxílio ao próximo e a ele mesmo.
Para um bom Benzimento não existe hora e nem lugar o que importa é a força que o Bento usa na expressão e aplicação do verbo, pois Benzer é fazer um jogo de palavras com poder de ação no campo astral e no campo material.
O Benzimento se aprende dentro de uma tradição na qual quem sabe e foi preparado ensina quem precisa, independente de crença ou religião. Sendo assim o Benzimento é livre a qualquer pessoa que queira aprender.

O Benzimento acontece independente de algumas situações como:

- Fases da Lua;
- Hora grande (meia-noite);
- Quaresma;
- Finados;
- Trajes;
- Mão direita e mão esquerda.

Entre outros argumentos o Benzimento é livre de dogmas ou influências religiosas, sendo assim, a regra é bem simples, faça o seu Benzimento sobre qualquer situação!
Para realizar o Benzimento vamos adotar três regras de apoio, que são:

Primeira Regra: Fé
Realize o seu benzimento acreditando no seu trabalho, não faça nada com insegurança ou incerteza.
A pessoa que estará sendo atendida também deve ter confiança no trabalho, não dedique seu tempo a pessoas que levam tudo na base da desconfiança e do descrédito. Lembre-se seu tempo é valioso.

Segunda Regra: Verbo
Para se realizar um excelente Benzimento você deve estar munido de uma boa lista de verbos ou possuir de três a cinco verbos de utilização direta.
Sem verbo não existe Benzimento, sem verbo uma oração se torna um conjunto de palavras jogadas ao vento.
Se possível utilize-se de um dicionário de verbos para ter certeza do significado da ação do verbo.

Terceira Regra: Bom Senso
O limite do Benzimento está no bom senso.
Você será procurado por pessoas com muitos problemas diferentes, sendo assim, o seu bom senso deve prevalecer. Lembre-se que a matéria prima deste trabalho são pessoas de carne e osso e um conselho mal dado ou um Benzimento feito de qualquer maneira pode desencadear outros problemas além daqueles que a pessoa carrega.
Nos dias de hoje muitas pessoas são acometidas do mal da solidão e de uma carência fora dos padrões. Procure interagir de forma consciente e precisa, lembrando que para ajudar alguém você não precisar carregar o fardo alheio e sim apontar a direção, para que este fardo se torne mais leve.

Seguindo estas três regras você terá todo amparo necessário ao seu trabalho de Benzimento.

NEUROTEOLOGIA

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 Professor Winkelman explica xamanismo como neuroteologia ( novo termo para designar original a ligação de Deus com o cérebro) Estudo realizado na Universidade de Harvard- Estudo das Religiões do Mundo). O Doutor Michael Winkelman do Departmento de Antropologia, da Universidade do Arizona disse que muitas culturas desenvolveram tecnologias para modificar consciência e induzir experiências espirituais.

Winkelman diz que o xamanismo está dentro do contexto de
neuroteologia.Eruditos reconheceram o xamanismo como uma forma especial de conduta religiosa por séculos. Reconheceram similaridades entre os xamãs em várias culturas em torno do mundo que inclui o transe ou êxtase,estados modificados de consciência.

Referiu-se à Viagem da Alma, voando fora do corpo, projeção astral. Essas experiências são adquiridas quando o xamã passa por experiências de morte e renascimento, adquire o animal guardião e alia forças espirituais.

No seu livro Xamanismo a Ecologia Neural de Consciência e Cura,
Winkelman esboça a base neurobiológica do xamanismo, a musica religiosa original da humanidade, a presença universal no mundo ancião, e o seu ressurgimento ao mundo moderno, e como as práticas puderam sobreviver por milênios.

As práticas universais de xamanismo estão relacionadas com funções básicas do cérebro, explica também que as experiências tem similaridades no mundo, porque refletem um processo cerebral inato.

Diz que há 40.000 anos atrás, dentro de um conceito de evolução
humana, as práticas xamânicas foram fundamentais para a evolução dos seres humanos modernos. Os xamãs ajudaram pessoas a adquirirem informação e desenvolverem novas formas de pensamento.

O xamanismo contruia alianças e criava solidariedade nos grupos. Ele diz que não é justo, hoje em dia, considerar xamanismo como práticas ancestrais,e nem ser limitado para sociedades simples. Afirma que o mundo contemporâneo tem tido exemplos com o neo-xamanismo, que são adaptações atuais para os princípios ancestrais.

O ressurgimento do xamanismo no mundo moderno, traz contradições, pois a lógica mostra que essas práticas deveriam desaparecer com o desenvolvimento da racionalidade moderna, porém o xamanismo persiste e cresce em popularidade, principalmente em segmentos mais cultos da sociedade.

A neuroteologia explica essa persistência e revitalização do
xamanismo, com práticas atuais, refletindo os mesmos princípios da operação de cérebro que engendrou as manifestações originais do xamanismo há milhares de anos atrás.

No seu livro ele descreve esses sistemas do cérebro, suas funções e como eles podem ser usados para melhorar a saúde humana. A ascenção em popularidade de medicamentos alternativos é parte de um desejo das pessoas tomarem conta de seus processos por si mesmas. E, o xamanismo é uma forma de aumentar o poder pessoal de seus praticantes por si mesmos.

Ele aborda no livro que práticas xamânicas ajudam pessoas a
estabelecerem contato com suas forças intuitivas.

O cérebro, serotoninas e sistemas neurotransmissores de apoio são estimulados por práticas xamânicas. Ele se refere à confiança que o mundo atual tem sobre o Prozac e outros, como conseqüência do afastamento das tradições.

O xamanismo cresce devido a sua base natural, e, vai apresenta
essas suas idéias em conferências.

Organiza paineis de estudos antropológicos de consciência, e apresenta o Paradigma Xamânico, pela Asssociação Americana de Antropologia, com reuniões. Foi o anfitrião na Conferência Anual da Antropologia da Consciência, realizada de 10 a 14 de abril de 2002,onde teve os painéis Medicina Alternativa e Abuso de substâncias para tratamento.


Léo Artese
 

13/05/2013

Os 16 Mandamentos de Ifá

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Este texto é um guia comportamental a todos os Sacerdotes e Sacerdotisas de Tradição Afro-religiosa

 
Texto em Yorùbá:


Ení da ilè á bá ilè lo
A d'ífá fún àgbààgbà mérìndínlógún


Wón nrelé Ifè wón nlo rèé toró ógbó

Àwon lè gbó àwon lè to bi Olódùmarè tí rán won ni wón dá Ifá si

Wón ní wón a gbó, won a tó
sùgbón kí wón pa ìkìlò mó

Ifá ní:
1) wón ní kí wón ma fi èsúrú pe èsúrú


2) wón ní kí wón ma fi èsúrú pe èsúrú

3) wón ní kí wón ma fi odíde pe òòdè

4) wón ní kí wón ma fi ewé Ìrókò pe ewé Oriro

5) wón ní kí wón ma fi àimòwè bá won dé odò

6) wón ní kí wón ma fi àìlókó bá won ké háin-háin

7) wón ní kí wón ma gba onà èbùrú wo'lé Àkàlà

8) wón ní kí wón ma fi ìkóóde nu ìdí

9) wón ní kí wón ma su sí epo

10) wón ní kí wón ma tò sí àfò

11) wón ní kí wón ma gba òpá l'ówó afó

12) wón ní kí wón ma gba òpá l'ówó ògbó

13) wón ní kí wón ma gba obìnrin ògbóni

14) wón ní kí wón ma gba obìnrin òré

15) wón ní kí wón ma s'òrò ìmùlè l'éhìn

16) wón ní kí wón ma sàn-án ìbàntè awo



Wón dé'lé ayé tán ohun tí wón ní kí wón má se wón nse

Wón wá bèrè síí kú

Wón fí igbe ta, wón ní Òrúnmìlà npa wón

Òrúnmìlà ní òun kó l'óún npa wón

Òrúnmìlà ní àìpa ìkìlò mó o won ló npa wón

Àgbà re d'owó re.




 

 
Tradução para o português, com sua interpretação:

 
Muitos andam pela vida sem rumo e acabam indo buscar os conselhos de Ifá. Este era o caso dos ancestrais que buscaram cobrar de Ifá a promessa feita por Olódùmarè (Deus), que dava a eles uma vida longa.

Diz Ifá:


 
1º. Não digam o que não sabem (èsúrú pode ser tanto uma conta sagrada como um nome de uma pessoa).
Um sacerdote não deve enganar ao seu semelhante acenando com conhecimentos que não possui. E jamais dizer o que não sabe, ou seja, passar ensinamentos incorretos ou que não tenham sido transmitidos pelos seus mestres e mais velhos ou adquiridos de formas legítimas. É necessário o conhecimento verdadeiro para a prática da verdadeira religião.
Quem abusa da confiança do próximo, enganando-o e manipulando-o através da ignorância religiosa, sofrerá graves conseqüências pelos seus atos. A natureza se incumbirá de cobrar os erros cometidos e isto se refletirá em sua descendência consangüínea e espiritual.

 
2º. Não façam ritos que não saibam fazer (novamente avisa: não troquem a conta sagrada pelo nome).
O sacerdote deve saber distinguir entre o ser profano e o ser sagrado, o ato profano e o ato sagrado, o objeto profano e o objeto sagrado.
Não se podem realizar rituais sem que se tenha investidura e conhecimento básico para realizá-los. Chamar a todos, é considerar a todos, indiscriminadamente, como seres talhados para a missão sacerdotal, o que é uma inverdade ou, o que é pior, uma manipulação de interesses. Da mesma forma que nem todas as contas servem para formar-se o colar de uma divindade (como as contas sagradas), nem todos os seres humanos nasceram fadados para a prática sacerdotal.
Para ser um sacerdote são necessários inúmeros atributos morais, intelectuais, procedimentais e vocacionais. A simples iniciação de um ser profano, desprovido destes atributos básicos e essenciais, não o habilita como um sacerdote legítimo e legitimado. Da má interpretação e inobservância deste mandamento resulta a grande quantidade de maus sacerdotes que proliferam hoje em dia dentro do Culto. Observa-se a diferença entre "ser sacerdote" e "estar sacerdote". Aquele que se submete à iniciação visando tão somente o status de sacerdote, jamais será um verdadeiro sacerdote. Estará sacerdote, cargo adquirido pela iniciação, mas jamais será sacerdote, condição imposta por sua vocação, dedicação, espiritualidade e desprendimento. Caberá ao sacerdote iniciador do neófito consultar Ifá, com muito critério, para apurar se aquele noviço será realmente digno do sacerdócio.

 
3º. Não enganem as pessoas (trocando a pena de papagaio por morcego).
O sacerdote nunca deve desencaminhar as pessoas dando-lhes maus conselhos e orientações erradas.
É inadmissível que um sacerdote se utilize do seu poder e do seu conhecimento religioso para, em proveito próprio, induzir ao erro aqueles que o cercam. Ao agirem desta forma, assumem a postura das aves noturnas que, nas trevas, saciam suas necessidades com o sacrifício e o suor alheio. Dar maus conselhos e orientações erradas é expor as pessoas aos perigos de energias maléficas e sem controle.
Uma das mais importantes funções do sacerdote é orientar seu discípulo, conduzindo-o ao caminho correto, ao encontro da felicidade, de acordo com os ditames estabelecidos por seu destino pessoal e de seus ancestrais protetores.
Quem chega aos pés de Òrúnmìlá para consultar seu oráculo em busca de soluções, deve ser orientado pelo sacerdote corretamente, independente do interesse deste como olhador. A pessoa que chega com um problema deve ter seu problema solucionado e não vê-lo acrescentado de outros criados artificialmente com o fito de proporcionar a quem a consulta, vantagens financeiras ou possibilidade de conquistas e abusos sexuais.

 
4º. Não conduzam as pessoas a uma vida falsa (mostrando a folha de ìrókò e dizendo que é folha de oriro).
Tudo deve ser feito de acordo com os ditames e os preceitos religiosos. A simples troca de uma simples folha pode ocasionar conseqüências maléficas ou tornar sem efeito um grande ritual da mesma forma que as folhas do Arágbà não são iguais às folhas de Akókò.
O sacerdote não pode, em nenhuma condição, utilizar-se de falsos recursos, fornecendo coisas sem validade religiosa como elementos de segurança ou de culto. Os procedimentos litúrgicos devem ser observados integralmente e a ninguém cabe o direito de fazer "isto" por "aquilo" quando em "aquilo" é que está a solução.
Aquele que utiliza de meios escusos e enganosos contra seus semelhantes, será culpado do crime de abuso de confiança. Aquele que usa de artifícios e mentiras contra as pessoas inocentes e de bom coração provoca o descontentamento de Òrúnmìlá e a conseqüente ira de Esù..

"Òrúnmìlá é aquele que nos olha com amor, não façamos por onde o mesmo possa nos olhar com desprezo".

5º. Não queiram ser uma coisa que vocês não são (não queiram nadar se vocês não conhecem o rio).

O saber é fundamental para quem quer fazer. Para tanto, é necessário o poder, que só o conhecimento pode outorgar.
Um sacerdote não pode proceder a liturgias para as quais não seja habilitado através do processo iniciático ou cuja prática desconheça ou domine apenas parcialmente. Um sacerdote não deve ostentar uma sabedoria que na verdade não possua. Procurar saber não avilta, mas, pelo contrário, exalta o ser humano. O saber é condição básica para que se possa fazer. E todo ritual deve ser feito integralmente e com legitimidade total. Se houver dúvidas sobre algum procedimento, deve-se pesquisar profundamente sobre ele.
Cabe ao sacerdote ensinar tudo o que sabe àqueles que o cercam e que nele confiam. A sonegação de ensinamentos corretos e completos implica na responsabilidade da prática de suicídio cultural. Da mesma forma, buscar orientação em quem sabe nada tem de humilhante e enaltece tanto àquele que busca como ao que fornece a orientação. A verdadeira sabedoria consiste na consciência da própria ignorância. Não existe ser neste mundo que saiba tudo!
"Deus não deu ao ignorante o direito de aprender sem antes tomar de quem sabe a obrigação de ensinar".

 
6º. Não sejam orgulhosos e egocêntricos.
Humildade e desprendimento são atributos indispensáveis de um verdadeiro sacerdote.
Um sacerdote não deve ser vaidoso de seus poderes, mas consciente deles e não deve agir somente visando o próprio benefício, existe para servir e não para ser servido. A vaidade transforma o homem fraco de espírito num pavão que faz questão de exibir sua bela plumagem sem a consciência de que é a sua beleza que, despertando a atenção de terceiros, irá provocar a sua morte. Num Ifádù (caminho de Ifá) encontramos narrativas que falam do exibicionismo do pavão que, ostentando a beleza de sua plumagem, atrai para si a atenção de todos que, depois de sacrificá-lo, transformam suas penas em belos leques e adornos.
O verdadeiro sacerdote, o eleito pela divindade, não se preocupa em exibir seu poder nem o seu saber em disputas vãs e inconseqüentes. Acumula em si uma grande carga de sabedoria que transmite com dedicação a quem merece saber. O exibicionismo é um dos maiores defeitos num ser humano e inadmissível a um sacerdote. Já dizia o velho jargão: "Num burro carregado de açúcar, até o suor é doce". É assim que, aos olhos do sábio, parecem os exibicionistas: "burros carregando açúcar".

7º. Não busquem o conselho de Ifá com más intenções ou falsidade (Àkàlà é um título usado para Òrúnmìlà).

As boas intenções devem prevalecer acima de tudo. A casa das divindades é o templo onde a iniciação é obtida.
A iniciação não pode ser motivada por interesses que não sejam puramente religiosos. As verdadeiras intenções do iniciando devem ser cristalinas como a água pura e desprovidas de qualquer outro objetivo que não seja servir à humanidade. Querer iniciar-se no culto por simples vaidade, para obter status social ou ostentar títulos sacerdotais é profanar o sagrado. Aquele que profana o sagrado tabernáculo das divindades, movido por qual for o motivo, pagará com duras penas o sacrilégio praticado.
O conhecimento corresponde às responsabilidades que nem todos estão preparados para assumir. O conceito mais amplo simboliza a atitude de um predador que esconde suas garras procurando adquirir a confiança de sua vítima para ter base de agir no momento mais propício aos seus objetivos. A mesma responsabilidade assume aquele que inicia pessoas que não possuam os requisitos básicos exigidos para tal, visando aí, a simples vantagem financeira. É muito melhor errar por não saber do que saber e persistir no erro.

8º. Não rompam (não mudem) ou revelem os ritos sagrados, fazendo mal uso deles.

A pena chamada Eekodidé é um dos símbolos mais sagrados dentro do culto e, por este motivo, jamais deverá ser aviltada.
Os sagrados fundamentos não podem ser usados com objetivos vãos. Os tabus devem ser integralmente observados sob pena de severas conseqüências. O sacerdote deve submeter-se de bom grado às interdições impostas por seu Fádù ou Odù pessoal, assim como aos tabus de sua divindade protetora. A observância destes ditames está diretamente ligada ao estado de submissão às divindades cultuadas. A obediência total às orientações de Ifá conduz o homem à plenitude das bênçãos. Utilizar-se dos sagrados conhecimentos de forma leviana corresponde a profanar o sagrado.
Não se deve utilizar o conhecimento para prejudicar a quem quer que seja. A prática do mal, invariavelmente, apresenta resultados mais rápidos, mas conduz a caminhos tortuosos que não têm volta. Da mesma forma, aquele que se utiliza deste conhecimento visando unicamente auferir vantagens econômicas, está em desacordo com os sagrados ditames e será responsabilizado por isto.
"Tornar vil um símbolo de iniciação como o Akpenin" é o mesmo que usar coisas sagradas com objetivos condenáveis e fúteis.

9º. Não sujem os objetos sagrados com as impurezas dos Homens, busquem nos ritos sagrados somente coisas boas.

A sujeira e a falta de higiene são incompatíveis com o rito.
Os Elementos sagrados, indispensáveis ao ritual, hão de ser sempre muito puros e limpos. Da mesma forma, tudo deve ser limpo, os instrumentos, os ambientes, os assentamentos e principalmente, as atitudes. É inaceitável a falta de limpeza e de higiene em qualquer aspecto, quer seja físico, ambiental ou moral. O sacerdote deve ser escrupuloso com tudo. Seus instrumentos litúrgicos, os altares das divindades cultuadas, seus trajes, seu corpo, suas atitudes e seu caráter hão de permanecer, sempre, impecavelmente limpos.  Nenhum Òrìsà, Vòdún ou Mkisi admite a sujeira, seja ela física ou moral.

10º. Os templos devem ser lugares puros, onde a sujeira do caráter humano deve ser lavada.

Tudo aquilo que antecede a um rito e que a ele faça referência, deve ser realizado com limpeza e religiosidade.
Da mesma forma que o ritual deve ser cercado de cuidados de limpeza, a confecção das comidas e oferendas deve seguir os mesmos princípios. Preparar as comidas ritualísticas é também um rito e deve ser realizado em total circunspeção e concentração religiosa. Durante a preparação das ofertas e comidas ritualísticas a atitude de quem dela participa deve ser a mesma de quem participa do ritual em si. É inadmissível que, neste momento sagrado, as pessoas estejam consumindo bebidas alcoólicas, falando coisas vulgares, discutindo, brigando ou tentando exibir seus conhecimentos, humilhando a quem sabe menos. A postura será sempre sacerdotal, o silêncio e a concentração devem ser mantidos e, ensinar a quem não sabe ou a quem sabe menos, é uma obrigação sagrada.

11º. Não desrespeitem ou inferiorizem os que têm maior dificuldade de assimilar conhecimentos ou deficiências no caráter, ajude-os a mudar.

Não se deve retirar a bengala de um cego. (A bengala de um cego substitui seus olhos e indica os obstáculos que se interpõem em seu caminho).
O sacerdote não pode prevalecer-se de sua carga de conhecimento para humilhar ou confundir a ninguém. O sacerdote há de ter o mais profundo respeito pelos que sabem menos. Ninguém tem o direito de descaracterizar o que os outros sabem e acreditam. Abalar a fé de quem sabe pouco ou nada sabe, é retirar a bengala de um cego, deixando-o sem qualquer orientação nas trevas em que caminha. Uma das mais importantes missões do sacerdote é ensinar e orientar.
Muitas vezes surgem pessoas que nada sabem e julgam saber. É neste momento que o sábio aflora no sacerdote e a orientação correta e o ensinamento certo são passados, com doçura, sutileza e humildade, sem melindrar a quem os recebe e sem provocar confusões em sua cabeça. Tudo deve ser ensinado com clareza e lógica. O Sacerdote, no exercício de seu sacerdócio, assume também a missão de mestre.

12º. Não desrespeitem os mais velhos, a sabedoria está com eles, a vida os fez aprender.

Não se retira o bastão de um ancião. (O bastão do ancião representa o acúmulo de experiências adquiridas nos longos anos em que viveu).
Deve-se respeitar e tratar muito bem aos mais velhos, principalmente os mais antigos na religião. O respeito aos mais velhos é um dos principais fundamentos de uma religião onde, reconhecidamente, antigüidade é posto. Faltar-lhes com o devido respeito e atenção é como lhes retirar o bastão em que se apóiam. Aquele que sabe respeitar, acatar e amar aos seus mais velhos, sem dúvida receberá o mesmo tratamento quando também caminhar apoiado no seu próprio bastão.
Os velhos, pelas experiências vividas, representam verdadeiros mananciais de sabedoria onde cada um deve procurar beber um pouco, saciando a sede de saber. São livros sagrados, cujas páginas devem ser lidas com paciência e carinho. Uma religião que, durante séculos incontáveis, teve seus fundamentos transmitidos oralmente, deve valorizar sobremaneira, aqueles que são depositários destes conhecimentos. Um velho, por mais obtuso que possa parecer à primeira vista, sempre terá algo, obtido nos longos anos vividos, a ensinar. Devemos lembrar sempre que, se antigüidade é posto, saber é poder!

13º. Não desrespeitem as linhas de condutas morais.

O Sacerdote, como homem de bem, deverá pautar sua vida de acordo com os ditames das leis dos homens e das sagradas leis de Ifá.
Pugnar pela obediência às leis é uma das obrigações de um sacerdote que, neste sentido, deve também orientar os seus seguidores. Da mesma forma, as leis de Fá, devem ser observadas integralmente e a ninguém cabe o direito de manipulá-las em benefício próprio ou de outrem. O homem religioso não pode viver à margem da lei e da sociedade da qual deve fazer parte como célula importante.

14º. Nunca traiam a confiança de seu semelhante.

Os amigos devem ser respeitados e uma amizade não pode ser traída.
A sentença busca valorizar o sentimento de amizade que deve ser pautado sempre, no respeito mútuo e na reciprocidade ética, que em hipótese alguma, podem ser esquecidos. "Um amigo vale mais do que um parente". Esta afirmativa da sabedoria popular fundamenta-se no fato de que os parentes nos são impostos pelo destino, ao passo que, os amigos, cabem-nos escolher dentre as inúmeras pessoas que surgem no decorrer de nossas vidas. Se os elegemos de livre e espontânea vontade os nossos amigos, por que traí-los? Por que não dar a eles o mesmo tratamento que gostaríamos que nos dessem? Conservar as amizades e tratá-las com respeito e carinho é, acima de tudo, uma demonstração de sabedoria. As amizades devem ser cultuadas e ninguém deve criar animosidade entre amigos colocando em risco uma relação que pode representar um grande tesouro.
"Mais vale um amigo na praça do que dinheiro no banco".

15º. Nunca revelem segredos que lhe são confiados; falar pouco e somente o necessário demonstra sabedoria.

Não se deve usar a religião para motivar a guerra e a separação dos homens.
A religião tem por finalidade única unir os homens através do criador. Não é concebível, portanto, que possa ser utilizada como elemento apartador dos seres humanos. Mesmo no âmbito de uma mesma religião pode-se verificar a atuação de pessoas que, de forma nefasta, e visando seus próprios interesses, jogam uns contra os outros, semeando a desconfiança e a discórdia entre sacerdotes, irmãos e adeptos. Muitas guerras, têm feito derramar o sangue de inocentes, enlutando famílias e propagando a dor e o pranto.A motivação religiosa que as incentiva é, no entanto, uma máscara para o seu motivo real: a obtenção do poder.
O verdadeiro sacerdote deve pugnar pela união dos homens, independente de seu credo religioso. Deus é um só e todos os homens são seus filhos e, por conseqüência, irmãos entre si. Da mesma forma, os sacerdotes de uma mesma religião devem agir dentro de uma ética que os impeça de falarem mal uns dos outros, utilizando-se de meios condenáveis para atrair os seguidores de outros templos coirmãos.

16º. Respeitem os que possuem cargos de responsabilidade maior; o Bàbáláwo é um Pai, portanto, é devido grande respeito aos Pais.

Nunca faltar com respeito com um outro sacerdote. Todos aqueles que possuem cargos religiosos são importantes e dignos de respeito.
Uma única palavra pode sintetizar o 16º mandamento de Ifá: Ética. Os sacerdotes, independente de funções e hierarquia, devem respeitar-se mutuamente. A falta de ética entre os sacerdotes de nossa religião, muito tem colaborado para o seu enfraquecimento e falta de credibilidade pública. O sacerdote dotado de postura ética religiosa, jamais abre a boca para apontar erros e defeitos em seus irmãos. Se os constata, procura corrigi-los de forma sutil e, se possível, despercebida aos olhos alheios, sem alardear aquilo que considera errado. Muitas pessoas tentam encobrir os próprios erros e esconder a própria incompetência, apontando, de forma espalhafatosa, o erro e a incompetência dos outros. Esta é uma atitude incorreta que só tem prejudicado e impedido um maior desenvolvimento da nossa religião no Brasil.
Podem-se ouvir todas as noites, em programas de rádio produzidos e apresentados por pessoas do culto verdadeiros absurdos praticados em nome de nossa religião. As pessoas que se ocupam neste tipo de divulgação deveriam refletir um pouco mais sobre sua atuação e os malefícios que produz, não somente aos alvos de suas críticas, na maior parte das vezes exageradas e motivadas por problemas de ordem pessoal, mas na religião como um todo que, a cada divulgação enganosa feita, cai no descrédito e na execração pública. Cada denúncia divulgada publicamente representa uma nova arma para o arsenal dos detratores de nossa religião.
A seleção será feita, naturalmente, por Òrúnmìlà e pelos Àwon Òrìsà, através da ação de Ésù. Só a Olódùmarè (Deus) cabe julgar o que é certo e o que é errado. Só a Ele cabe separar o joio do trigo.

 
Mas os ancestrais não cumpriram as determinações de Deus (Olódùmarè), trazidas e mostradas por Òrúnmìlà. Deus (Olódùmarè) usa os Òrìsà para advertir o Homem, mas não obtém sucesso. O Homem não ouve os conselhos. Mesmo assim, o Homem ainda acusa a Òrúnmìla. Mais uma vez não reconhecendo seus próprios erros.
O Homem tem esse hábito, o de culpar os outros pelas suas maneiras erradas. Diante de tais atitudes, Deus fica desobrigado de cumprir Sua palavra com o Homem, permitindo então que o Homem morra idoso e venha a renascer jovem, para que uma nova caminhada de aprendizados se inicie, em outra vida, em outro lugar, e quem sabe assim, nessa nova etapa, o Homem aprenda os mandamentos de Ifá pondo fim a esse ciclo sofrido.
Assim se repetirão esses ciclos, até que o Homem aprenda a mudar, tornando-se um Egúngún Àgbà (Ancestral Ilustre) que recebe funções mais importantes no Òrun (no Mundo Espiritual)!

10/05/2013

Oração a Egunitá

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Amada Mãe Egunitá, tu que és a chama viva do Pai Olorum. Fogo divino que brotaste do sopro da justiça de Deus. Olhai por nós seus filhos perdidos na ignorância da carne. Mostra-nos que apesar de cegos pela matéria que está ao nosso redor, estamos envoltos por Deus pelo simples fato de estarmos vivos, tanto encarnados quanto desencarnados.

Vós que sois chama viva, justiça pura, luz e guia aos que necessitam, acolha-nos no seio de teus mistérios, que fazem parte do mistério maior da justiça. Consome tudo em nossa vida que gera desequilíbrio. Anula tudo que nos afasta de Deus. Transmuta tudo que nos desumaniza. Racionaliza na tua chama nossos pensamentos desordenados.

Atua em todos os 7 sentidos Mãe amada e bendita. Reorganize-nos em tua natureza que incendeia tudo e todos. Aquece-nos e liberta-nos. No fogo da justiça anule as magias negativas, que nos fazem vitimas das forças trevosas, e recolhe das trevas os que nos escravizam, para que na presença de vosso mistério eles sejam purificados, e arrependam-se por atuarem em desequilíbrio com a criação. Traga-nos a Sorte de ter nossa vida sobre tua atuação, e a justiça desbloqueando nossos caminhos de fé conhecimento, amor, geração, evolução e lei, envoltos na verdade suprema de Deus, a justiça para todos e o equilíbrio universal.

Que assim seja, Amém.

EU SOU ORIXÁ EXU!

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Por Alexandre Cumino

Publicação no Jornal Nacional de Umbanda | Ed. 56 | Maio/2013


Sou um poder primordial, ancestral e divino. Sou anterior a tudo e a todos.

Não sirvo aos fracos, apenas aos fortes, fortes de caráter, fortes em retidão, fortes no amor, fortes na guerra, fortes na fé, fortes em suas virtudes, fortes em virtuosismo, fortes em sua ética.
Aos fracos, eu não sirvo, mas os deixo loucos, loucos em sua sede de poder, loucos em suas arrogâncias, loucos em sua soberba, loucos em seu ego, loucos em suas paixões e apegos desenfreados por tudo que é material. São fracos todos aqueles que não têm a coragem de assumir sua personalidade; são fracos todos aqueles que sustentam falsos moralismos na tentativa de esconder seus desejos mais baixos; são fracos todos aqueles que vivem diminuindo aos outros na tentativa de se sentirem melhores ou maiores; são fracos os que só encontram diversão na ironia que agride; são fracos todos aqueles que, para se sentirem poderosos, querem controlar tudo e todos.
Estes fracos me procuram, estes fracos me perseguem, estes fracos sempre acabam vindo a mim para me pedir tudo o que não se sentem capazes de realizar por si mesmos. Estes fracos sempre caem nas armadilhas do destino, se corrompem, se vendem por ninharias. E não estou falando de vender o corpo e sim daqueles que venderam suas almas, que têm suas consciências prostituídas, estou falando daqueles que prostituem seus sonhos, estou falando dos fracos que se cobrem de joias e perfumes na intenção de disfarçar sua feiura interior e sua podridão tão inevitavelmente exposta.
Aos fracos, eu reservo as loucuras consideradas tão normais neste mundo de valores invertidos. Aos fracos é permitido, por algum tempo, se deliciarem na mentira de seus egos e jogos de poder, que lhes causam um frenesi fútil e diminuto. A estes fracos, que considero mortos por não conseguirem viver sua essência verdadeira, que é também divina como a minha, um dia acompanharei em suas descidas nas trevas.
Não no inferno católico, mas em seu inferno particular e independente de qualquer religião, em suas trevas interiores que conduzem aos abismos de suas dores mais profundas. São estes fracos que preferiram esconder suas dores, que preferiram fingir que não carregam decepções. São estes fracos que não conseguiram forças para se olhar no espelho.
Então, um dia, eu serei o vosso espelho e não precisarão mais continuar jogando sua podridão no semelhante, não precisarão mais continuar apontando o dedo para tudo e para todos, mostrando seus próprios vícios.
Eu mesmo chegarei cheio de virtudes, eu mesmo chegarei cheio de alegria pela vida, eu mesmo chegarei com força e virilidade, eu chegarei grande em poder, chegarei com todas as qualidades que você finge ter e tantas outras que finge não ter, em sua hipocrisia sem limites. Chegarei exultante em coragem absoluta, chegarei sem vacilar, chegarei com toda a impetuosidade que os seus medos mais profundos não lhe permitem ter ou possuir.
Sou irreverente e é por isso que me divirto com certas situações. Me divirto ao me mostrar aos falsos moralistas, me divirto quando sentados em cima de sua podridão ou de cima do castelo de seus egos apontam o dedo e me chamam de demônio.
Divirto-me por que sempre que me mostro para estes hipócritas vou vestido de espelho, vou plasmado e transfigurado com suas sombra, me cubro com seus vícios e me coloco de frente para eles.
Neste momento, eu represento tudo o que está reprimido em seu ser, lhes ofereço a oportunidade de limpar sua alma, lhes dou a chance de relaxar um pouco na vida para se despreocupar com tantas bobagens de um mundo frágil e inconsistente.

Sou Orixá Exu, junto de Dionísio, eu lhes ofereço o vinho que inebria os sentidos e lhes convida a ver a vida com outros olhos. Mas ainda assim a grande maioria acorda de uma ilusão apenas para cair dentro de outra ilusão, acordam de um sonho dentro de outro sonho. Abandonam o ego vulgar, num sentido mais baixo, e assumem o ego por sentidos mais nobres, mas ainda assim continuam apegados, orgulhosos, vaidosos.

São homens apegados nas virtudes. Estes me divertem mais ainda porque acreditam ser melhores do que os outros, por serem virtuosos, mas se esquecem de que o virtuosismo é algo muito além disso, este é o falso virtuosismo, o virtuosismo feito para impressionar. São homens viciados na autoimagem de virtuoso, viciados no "desapego", fazem de tudo para sustentar esta imagem. Estão sempre julgando, pesando e avaliando o outro, que é sempre "pecador", diante de sua santidade virtuosa.
Muitos sãos considerados santos, sustentam esta imagem por uma vida inteira, são santos de barro ou de pau oco. Um dia vão se deparar com Caronte, o barqueiro, que leva as almas deste mundo para o outro, passarão pelas portas de Obaluayê, depositarão seus corações nas mãos de Maat, ao lado de Omulu.

Conhecerão a Justiça de Xangô e a Lei de Ogum, verão que a pena de Oxóssi, empunhada por Thot, anotou todas as suas ações e que tudo o que importa é quais sentimentos moveram cada uma de suas ações, e não a ação em si. Descobrirão que cada situação da vida é uma encruzilhada e que eu estou em todas as encruzilhadas.

Eu, Exu Orixá, chego com um poder que não pode ser dominado, apenas compartilhado.

Não posso ser controlado, apenas aceito. Não posso ser manipulado, apenas posso ser agradado. E a única forma de me agradar verdadeiramente é com suas virtudes. Nada me agrada mais que o virtuosismo humano, nada me agrada mais que atender a quem me chama para ajudar seu semelhante.

A estes, eu sirvo com amor e satisfação, não faço nada por obrigação, não trabalho para resgatar dívidas, trabalho por prazer. Sim, é isto que me move: o desejo e o prazer, e coloco todo o meu poder, minha força e vitalidade na casa das virtudes.

O virtuoso é sempre alguém de coração tranquilo, pois não alimenta expectativas e nem espera recompensas.

O virtuoso, de fato, é o forte que não necessita de se autoafirmar. O virtuoso é o forte de fato. alguém realizado consigo mesmo.

O virtuoso é alguém que simplesmente é o que é e não pretender ser nada além de mais um

Sou um Deus antigo EU SOU ORIXÁ EXU. Sou um Deus antigo, por isso conheço todos os outros deuses, conheço todas as divindades, conheço todas as suas religiões. Sou anterior à criação deste mundo, eu assisti os sete dias da criação, que na verdade aconteceram num tempo em que o tempo não era contado ainda.

Por isso não sou trevas, sou anterior à Luz e às Trevas, que na verdade não passam de um conceito humano para julgar uma dualidade que é apenas humana.

Sou anterior ao dia e à noite. Luz e Trevas são conceitos criados para o homem aprender a lidar com seu livre arbítrio, logo o homem os associou ao seu simbolismo metafísico de dia e noite. Antes de ser criada a razão humana, eu já existia, portanto nunca serei compreendido em minha totalidade, pois sua razão não dá conta de algo tão transcendente quanto eu. Sou maior que todos vocês juntos, porque cada um de vocês é apenas um indivíduo, cada um de vocês é apenas um ego manifesto.

EU SOU ausência de Ego e, ao mesmo tempo, sou profundamente conhecedor desta natureza humana, pois eu assisti à sua criação. Conheço o ego humano a fundo e sei que cada um pinta o seu mundo particular com as tintas do seu ego. Assim sou eu, visto no espelho da sua alma e pintado com as tintas do seu ego. O dia em que conseguirem vencer de forma absoluta este ego, então seremos iguais, apenas mistérios de nosso criador, em que não existe um mistério melhor do que o outro. Todos os mistérios são mistérios iguais em importância, eu e você seremos um, quando você aprender a se perder de si mesmo e se entregar a algo maior, ao seu eu essencial e divino. Abandone todo o medo da morte e, junto, abandone todos os outros medos, então estaremos livres e descobriremos que a eterna luta entre vícios e virtudes é tão infantil quanto o apego de crianças por brinquedos que inevitavelmente se tornarão velhos e desinteressantes, assim que aparecer um brinquedo novo.
O Medo; Todos vivem com medo neste mundo. EU SOU ORIXÁ EXU, represento a superação do medo, a coragem absoluta, a coragem de ser quem você é. O medo é o que faz um animal se tornar agressivo; é o medo que cria a separação, o abismo social; o medo faz com que poucos dominem muitos; o medo faz o mais fraco, o mais medroso, se armar até os dentes com tudo o quê pode para subjulgar o forte, o forte de espírito, aquele que não necessita de um falso e efêmero poder para se sentir menos fraco que sua frágil natureza.

Assim, eu represento a coragem de seguir seu coração, a coragem que está acima das convenções sociais, a coragem que está além das máscaras, a coragem de vencer seus condicionamentos. Sou eu que estou lá nas encruzilhadas do tempo, nas mudanças de padrões e paradigmas. Sou eterno e estive presente em todas as encruzilhadas, assistindo à morte de valores antigos por valores novos considerados melhores e superiores.

Tenho assistido ao homem, geração após geração, criar novos paradigmas, substituir velhas ilusões por novas ilusões. Tenho visto, vejo e continuarei a ver o homem colocar a mentira em seu altar, afirmar como verdade absoluta suas pequenas verdades.

Civilização após civilização, eu vejo um povo subjulgando o outro, é sempre a lei do mais forte, e esta tem sido a regra. Novos mundos se criam em cima de morte, barbárie e destruição. O culto, o nobre e o civilizado sempre matando cruelmente todos que considera bárbaros.

E quantas vezes este movimento é feito em nome de Deus, deste Deus tão humano, que na fraca concepção teológica distorcida é alguém que deve ser temido, o Deus que castiga. Este é o mundo do medo, o mundo dos valores invertidos.

O fraco é considerado forte, o simples é considerado bárbaro e o poder material continua nas mãos dos corrompidos.

Por isso, este é o mundo da ilusão, o mundo onde todos vivem como autômatos; um mundo onde todos estão mortos, robotizados, dormindo na leseira de seus egos.

EU SOU ORIXÁ EXU e tudo isso eu tenho visto. 

Publicação no Jornal Nacional de Umbanda | Ed. 56 | Maio/2013

Por que Caboclos e Preto-Velhos ?

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Uma das incógnitas que ainda perduram, na Umbanda, é a verdadeira natureza dos Caboclos e Preto-Velhos. Várias opiniões formaram-se a respeito dessas entidades que, através de uma linguagem simples, emitem, por vezes, conceitos que revelam o pensamento erudito de um mestre. No decorrer de vários anos de convivência com os nossos Velhos e Caboclos, observando-lhes os trabalhos, auscultando opiniões sobre os problemas da vida terrena, notamos que o grau de conhecimento, de evolução varia muito.

Encontramos Pretos Velhos aparentemente apegados aos bens materiais, fazendo questão do "tôco" e do "pito" que não cedem a ninguém, aborrecendo-se com facilidade, reagindo como simples criaturas humanas. Outros, porém, revelam no procedimento e nas palavras, no acatamento à disciplina imposta necessariamente pela direção espiritual dos trabalhos, a luz espiritual adquirida. Uns e outros se referem às senzalas, à vida passada na escravidão ou nas aldeias. Se o frequentador assíduo dos terreiros não procurasse o guia apenas para lhe expor as dificuldades da vida terrena, buscando somente o conselho para a solução mais fácil dos seus problemas materiais, teria ocasião de receber ensinamentos preciosos sobre a vida futura, as reencarnações, a necessidade de vencer, com o próprio esforço, a passagem difícil que se lhe apresenta e que será mais um grau conquistado na escola da vida.

Dizia José Álvares Pessoa que a Umbanda é, talvez, a única religião que se preocupa com os problemas materiais do homem. Não por ser um culto materializado. Pelo contrário: percebendo como o ser humano premido pelas dificuldades que o seu próprio Carma conduz, se afasta do criador, quando a enfermidade, a falta de recursos financeiros, a desarmonia no lar se tornam mais poderosos que a sua crença, os dirigentes espirituais do nosso planeta organizaram um movimento destinado a dar ao homem o conforto, o conselho, a ajuda através dos quais poderá ser ainda uma vez, reconduzido aos caminhos da fé. Criaram-se legiões de missionários e para que mais facilmente fossem aceitos e compreendidos pelas classes menos favorecidas, assumiram a feição ainda mais simples, apresentando-se como escravos ou nativos.

Mas terão sido realmente, todos eles, pretos ou índios? Sabemos que a pobreza e a humanidade não afluem na escala espiritual; a história da nossa pátria evidencia a lealdade, o caráter do índio brasileiro, o valor de muitos escravos. Sabemos, igualmente que não existem fronteiras, no mundo astral. Logo, não é de crer que haja um plano exclusivo para caboclos e pretos escravos. Preferimos, portanto, adotar o conceito de muitos espiritualistas, entre os quais o acima citado J. A. Pessoa: os guias participam desse movimento de socorro ao homem encarnado, neste final do segundo milênio e se apresentam como Caboclos e Pretos Velhos, nem sempre tiveram a última passagem na terra como escravos ou índios; alguns, possivelmente, nunca o foram.

Assumiram essa personalidade como distintivo da missão que viriam a desempenhar. Uns contam como viveram, há 200 anos ou há pouco mais de meio século, nos engenhos ou nas aldeias indígenas. Outros se abstêm de qualquer referência à sua passagem na vida terrena. Pacientemente, dão atenção às queixas, ao relato dos pequenos problemas de rotina da nossa vida, aconselhando, animando, esclarecendo, conforme a necessidade de quem lhes fala. Ensinam a mensagem do Evangelho, o perdão, o amor ao próximo, mostram como é necessário dar para receber, perdoar para ser perdoado, corrigir as falhas, dominar os sentimentos de vingança, de inveja, para adquirir luz.

E através desse trabalho humilde, incompreendido, ainda, por muitos, vão prosseguindo na missão de reconduzir o homem ao caminho que o levará a Deus. Sua origem, não importa. Se o Caboclo viveu como um cacique de uma tribo ou como iniciado de uma seita oriental, não interessa no momento. Se o Velho foi escravo ou jovem médico, ou se foi mestre na magia, também não faz diferença. O que vale, agora, é apenas a missão a ser cumprida, em benefício da humanidade, para que o Brasil, futuro centro de difusão do Evangelho, esteja melhor preparado para o advento do III Milênio.

√ POR ALEXANDRE CUMINO

09/05/2013

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Quantas vezes forem necessárias, Senhor, eu recomeçarei.
A tarefa de amor que me confiaste irá avante e eu envolverei aqueles que não Te conhecem com a Luz do Amor que Tu me envias.
Eu amarei, Senhor, as horas de provação que me vêem, porque nelas vejo horas abençoadas de minha existência.
O chão em que piso foi regado pela incompreensão, porém, a fermentação por ela causada, auxilia a formação do adubo precioso que será absorvido pelas sementes do amor que já trago em meu espírito.
Dá-me, Senhor, a força de permanecer erguido entre aqueles que se curvam para recolher as dádivas transitórias da vida e que meus olhos, fitos no futuro, permitam-me pressentir as pequenas vitórias que já me concedes, estendida àqueles com os quais desejo caminhar.
Sou aquele cuja impossibilidade diante da luta demonstra a confiança que tem em Teus desígnios.
Que a luz do Senhor esteja com todas as criaturas. . . . AMEM, SHALOM, NAMASTÊ, ALELUIA, AXÉ, SARAVÁ . .


VISUAL CÓSMICO

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FIQUE ATENTO....

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Há dez sinais vermelhos, indicando um desvio no caminho da evolução espiritual,
quando entramos na faixa da impaciência;
quando acreditamos que a nossa dor é a maior;
quando passamos a ver ingratidão nos amigos;
quando imaginamos maldade nas atitudes dos companheiros;
quando comentamos o lado menos feliz dessa ou daquela pessoa;
quando reclamamos apreço e reconhecimento;
quando supomos que o nosso trabalho está sendo excessivo;
quando passamos o dia a exigir esforço alheio, sem prestar o mais leve serviço;
quando pretendemos fugir de nós mesmos, através do álcool ou do entorpecente;
quando julgamos que o dever é apenas dos outros.
Toda vez que um desses sinais venha a surgir no trânsito de nossas idéias, recomendamos a prudência e pedir em prece a luz do discernimento.

GRANDE MESTRE.....

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Procuramos ter Jesus como Mestre. De todos os grandes mestres que vibraram na Grande Lei do Amor ao passar pela Terra, Ele é o que nos fala em termos de um amor extremamente abrangente, exemplificado e generoso. Sua vida representa um ato de extrema doação, a força máxima de Amor que já passou pela Terra, ou seja, a expressão máxima da Força Criadora entre os homens. Quando ouvimos alguém dizer que o Evangelho representa um conjunto de ensinamentos muito simples, sentimos que o Evangelho ainda não foi entendido por essa pessoa. Não existe desafio mais profundo do que colocar o Evangelho de Jesus na vivência diária. Podemos ser capazes de memorizar todas as Escrituras Sagradas existentes na Terra, estarmos familiarizados com todos os fenômenos espirituais ou mesmo de movimentar as energias da natureza pela força da mente. Mas, se não formos capazes de assimilar e de viver o ensinamento do amor ao próximo, não seremos senhores de nós mesmos. Então, nosso mundo interior ainda é "caos" e não "cosmo". A luz ainda não se fez em nós.



As lágrimas de um Guardião Espiritual

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:: Wagner Borges ::
Ainda agora, enquanto eu selecionava alguns textos para uma publicação, lembrei-me de diversos alertas sobre a responsabilidade de quem trilha uma senda consciencial. E agradeci ao Todo, por todas as oportunidades - e também aos mentores extrafísicos que me aturam na jornada do esclarecimento e da assistência espiritual.
No entanto, logo depois, senti uma sensação diferente, uma espécie de nostalgia, aparentemente sem motivo algum. Foi, então, que eu vi uma presença extrafísica chegando pelo meu lado direito.
Tratava-se de um guardião espiritual*, um protetor de campo energético, que trabalha nas regiões astrais densificadas - e que estava no meu lar, por algum motivo dele. Com respeito, ele me cumprimentou e me disse que, "felizes são os que já despertaram para outras realidades além do seu próprio umbigo".
No entanto, eu notei que ele estava firme, como sempre, mas um tanto quanto sorumbático, diferente do seu normal. E perguntei-lhe o que estava rolando...
E ele olhou-me diretamente, e eu vi as lágrimas rolando pelo seu seu rosto.
Então, ele me disse: "Só Deus é que sabe os reais motivos das coisas, mas é muito triste ver tantos filhos espirituais caindo nas malhas das trevas. Alguns, por orgulho; outros, por pura perfídia mesmo. E também há aqueles que foram seduzidos pelas coisas do mundo - ou levados por amigos levianos para as praias da irresponsabilidade.
Essas lágrimas que você vê lavando o meu semblante, são por causa da ingratidão que tanto tenho visto bloquear a caminhada espiritual das pessoas. E são tantas...
E eu sei as consequências disso! Pois, eventualmente, diante da Luz espiritual - que dissolve todas as máscaras e verga o ego mais renitente -, elas regurgitarão extrafisicamente toda má vontade e sentirão o aguilhão da dor rompendo a inércia que acalentaram em sua vida.
E aqueles que estão fazendo o mal em nome dos espíritos trevosos, ah, esses engolirão a própria magia danosa que soltaram no mundo. E que Deus tenha piedade deles!
Eu choro pelos filhos espirituais que abraçaram as trevas!
Em lugar da Luz redentora e do serviço construtivo, muitos preferiram acasalar-se com as entidades maléficas do Astral inferior. E o pior: acham-se o máximo.
E mexer com o porão do Umbral é altamente perigoso.
Eu choro pelos trabalhadores espirituais que sucumbiram à virose do ego negativo e se deixaram levar pelas marolas ilusórias dos agentes trevosos.
Eles eram da Luz - e prometeram muito antes de descerem às lides da carne...
Porém, na crosta do mundo, não fizeram jus ao que planejaram. E, pelo contrário, deitaram com as trevas - e, hoje, andam com os pés sujos da lama do Umbral.
Eu choro porque alguns deles se vestem de branco, e até parecem dignos externamente, mas, os seus corações são escuros como a hipocrisia que os devora internamente. E alguns se acham uma sumidade em suas áreas...
O meu choro não é de julgamento sobre o que eles fazem, não!
Eu choro pelo desperdício de potencial - e porque eles não eram assim antes.
E eu sei onde isso vai dar... Pois já vi muitos casos e sei das dores que o mundo não vê. E, muitas vezes, só às portas da morte é que alguns percebem o quanto de prejuízo espiritual levaram.
Eu sou apenas um humilde guardião espiritual, e o Alto é que me guia...
Mas, já vi muitas coisas nas lides espirituais e sei o quanto as pessoas gostam de se agarrar a ilusões - e o quanto elas são capazes de renegar a Luz.
O meu choro é de guardião, é choro honrado!
E eu estou deixando você ver minhas lágrimas como mais uma forma de alerta aos encarnados. Para que saibam que os guardiões também choram...
A nossa função é a proteção espiritual dos que trabalham pela Luz e, por isso, não julgamos o comportamento particular de ninguém. Mas, também é nossa função projetarmos no mundo os alertas que o Alto nos incumbiu. E, hoje, isso está sendo feito por meio dessas lágrimas que você está vendo.
Estou cumprindo a minha tarefa. Agora, cumpra a sua e escreva, na Força do Espírito. E que o Alto nos abençoe.
E ai daqueles que fazem os seus guardiões extrafísicos chorarem!"
Então, após me dizer tudo isso, ele juntou suas mãos e saudou-me respeitosamente - e foi embora, silenciosamente.
E eu fiquei quietinho e comovido, refletindo e admirando a grandeza e a honra desses espíritos guardiões, que tanto seguram invisivelmente a barra da gente**.
Ah, tem coisas que não têm preço! Uma delas é receber a visita extrafísica de um guardião desses. É uma honra mesmo!
Oxalá as suas lágrimas de alerta também sirvam para reflexões sadias de outros estudantes e trabalhadores espirituais, para que não "deem mole" em suas jornadas espirituais e humanas - e que, mesmo diante das pressões do mundo, fiquem firmes em seus valores conscienciais.
Sim, tomara que as lágrimas de um guardião espiritual sejam capazes de despertar outras pessoas de sua inércia consciencial. E que, em seus corações, haja Luz, sempre***.

Paz e Luz.
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