07/03/2012

As Espigas

Print






Jesus de Nazaré parou no cimo do morro coberto de vinhedos.
Rodeavam-no ao sol alguns apóstolos. Aos seus pés estendiam-se os vales férteis da Galiléia. E o vento agitava no espaço, como estandartes, os seus mantos esfarrapados.

Por um caminho tortuoso, entre milharais, caminha lentamente uma junta de bois e os pendões dos trigais agitavam-se no ar luminoso.
O Mestre sorriu à paisagem cheia de sol e abençoou a terra que os seus olhos contemplavam.
Depois, pondo a mão esquerda sobre o ombro de Jacob, apontou aos outros discípulos com a direita as plantações de trigo.

- Vede, disse, há espigas que se balouçam ao sol, triunfalmente, entre os penachos trêmulos, e há 
outras que modestamente se escondem entre as palhas e os caules, 
na sombra. O homem desavisado somente avista as primeiras e as inveja. O homem prudente colhe ambas e as compara. A espiga que 
ondeia no ar é falhada e chocha, a sua leveza foi quem a elevou. A espiga que se curvou para o solo está pesada de grãos roliços e fartos. Assim acontece com os homens...
E, enrolando no busto nobre a capa escura, Jesus desceu lentamente do morro que os vinhedos cobriam. E suas sandálias esmagaram o saibro grosso das estradas da Galiléia.
Que Oxalá nos abençoe sempre


Saravá .'.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...