04/07/2015

O PODER DA GENEROSIDADE....

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Embora seja religiosa e espiritualizada, meu texto não é voltado unicamente às pessoas com fé religiosa. Meu texto é humanístico. Hoje, gostaria de falar sobre a generosidade, inclusive para com a gente mesmo.
Quantas vezes não somos compreensivos com os outros e intolerantes conosco? O inverso também pode ocorrer. Podemos aceitar todos os nossos defeitos sem tentar minimizá-los e a menor falha no outro torna-se um pecado mortal.
Precisamos exercer a generosidade independente do credo que temos, independente de termos algum credo. Mas o que significa ser generoso? Pagar o dízimo e cumprir com os deveres sociais como pagar os impostos e respeitar as leis de trânsito? Sim, respeitar as leis e contribuir com a congregação na qual fazemos parte são atitudes louváveis. Mas a generosidade vai muito além da honestidade, da retidão de caráter, do senso de dever.
Ser honesto ou correto é cumprir as leis, não lesar os direitos alheios, honrar compromissos, não quebrar a palavra. Comprei? Pago. Prometi? Cumpro. Marquei um horário? Eu o respeito. E por aí vai.
Ser generoso é um pouco mais profundo e complexo. Ser generoso é fazer aquilo que você não tem o dever legal de fazer , mas faz mesmo assim para ajudar, para ver o outro mais feliz. Sou obrigada por lei a respeitar o sinal vermelho e a pagar pelos produtos que coloco na cesta do supermercado. Não sou obrigada por lei a dizer bom dia quando entro no elevador ou falar uma palavra de consolo a alguém que sofre.
Mas se sou generoso, sinto que preciso tomar tais atitudes. Sinto que ser gentil, prestativo, delicado com os sentimentos alheios fazem parte das minhas obrigações morais . Não pagarei nenhuma multa nem serei presa se eu for a pessoa mais indiferente do mundo, mas estou perdendo a oportunidade de melhorar a vida das pessoas e por consequência a minha mesma.
Pode soar como exagerado, mas o sorriso que damos a alguém pode ser o único gesto de gentileza que esta pessoa vai receber durante o dia inteiro. Falamos muito sobre a miséria física. Mas existem milhões de pessoas esfomeadas e morrendo de frio em confortáveis apartamentos, onde é possível fazer várias refeições diárias. Não desmereço a dor de quem dorme nas ruas ou passa fome. Ver um mendigo revirando o lixo ou dormindo ao relento numa noite fria é uma das imagens mais dolorosas que vejo. Mas hoje quero me centrar na fome de afeto, no frio daqueles que carecem de um gesto de carinho.
Principalmente nos grandes centros urbanos muitas pessoas vivem isoladas, indo do trabalho para casa, sem ter com quem conversar sobre seus problemas. Outras pessoas vivem acompanhadas, mas não são compreendidas pelos familiares e se sentem tão solitárias quanto pessoas que vivem sozinhas.
Nunca duvide do poder de um abraço forte, de uma palavra de carinho, de um sorriso gentil. Nunca duvide da força de um olhar terno, de um elogio sincero. Nunca duvide que um bom dia carinhoso pode iluminar o dia do outro e que de um jeito ou de outro, cada um está lutando contra seus fantasmas.
Seja o copo meio cheio. Seja a lâmpada que se acende. A ideia inusitada. A nota de cinquenta reais encontrada no bolso de uma jaqueta. Seja o convite para um vinho numa noite fria. Enfim, seja o lado bom da vida de quem passa por você, mas sempre respeitando seus limites e sentimentos. Ninguém é obrigado a se sujeitar passivamente a quem nos machuca deliberadamente. Ser bom não é o mesmo que ser bobo. Ser bom inclui amar a nós mesmos.

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Escrito por Sílvia Marques – Via Obvious

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