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17/09/2012
Sobre cambone e cambonar
Sabe-se que para tudo o que se realiza durante a vida é necessário auxílio; um pedreiro sozinho não constrói um edifício, e se o faz, faz demoradamente e mal feito. Um pizzaiolo sem o garçom que leva a pizza até a mesa não faz o trabalho direito, para uma criança crescer melhor é necessário à presença do pai e da mãe, e assim por diante, em todas as áreas da vida. Mesmo o eremita, que se propõe solitário, ainda faz uso da companhia dos seres da floresta, dos seres espirituais, dos elementais. Dentro de um terreiro é o mesmo princípio, para o trabalho fluir de melhor maneira, faz-se necessário o auxílio de várias fontes, principalmente por envolver a inter-relação entre dois planos existenciais, onde os dois lados se desgastam muito: o espiritual por ter que descer sua vibração até um nível intermediário, para que nós encarnados consigamos elevar um pouco nossas próprias vibrações até estabelecer o contato. A concentração do médium é essencial e a não interrupção da mensagem se faz estritamente preciosa, e é então que o cambone tem seu papel fundamental. Esse texto trás um pouco do esclarecimento quanto à essa posição, e também lança luz à sua postura dentro do campo santo, como médium em preparo.
O Cambone
Mas afinal, o que é um cambone?
Existem concepções diferentes, variando de terreiro a terreiro, mas em suma, cambone é a pessoa que auxilia o médium incorporado, o consulente, auxilia o guia que está em terra e auxilia o dirigente espiritual, sendo seu trabalho puramente de caráter material. Como disse, em alguns terreiros o cambone assume um aspecto especial, sendo designado como, por exemplo, um cargo abaixo do dirigente, atuando acima do pai (mãe) pequeno. Mas de uma forma ou de outra, o cambone trabalha materialmente, cuidando para que os trabalhos sigam o rumo sem falhas, sem interrupções, cuidando do bem-estar e zelando pela segurança dos médiuns e dos consulentes.
Geralmente, quando uma pessoa vai a um terreiro e é detectada a mediunidade latente e a necessidade de trabalho espiritual, ela é convidada a participar dos trabalhos, passando para o "lado de dentro" do campo santo. Aceito esse convite, normalmente o neófito torna-se um auxiliar, sendo parte de seu treino o convívio com os médiuns mais antigos. Nesse momento, o neófito já se torna um cambone e é seu dever procurar conhecer as regras, a priori, materiais da casa e a posteriori, as espirituais.
Outra coisa importante de se saber é a localização geográfica dos pontos energéticos da casa, pontos fundamentais de assentamentos que os guias executam assim que a casa é aberta. Em alguns lugares são chamadas firmezas. Os mais conhecidos são: a trunqueira, o roncó, a camarinha, o congá, os atabaques, o cruzeiro das almas e as firmezas dos povos. Isso para terreiros de Umbanda, quero deixar claro. No candomblé as coisas funcionam de uma forma diferente, não sendo aplicável às regras de um no outro.
O conhecimento físico do terreiro é de suma importância para a correta locomoção e rápida assistência, quando se faz necessário. Os meios materiais também têm que ser de conhecimento do cambone, para a agilidade da gira. Em alguns terreiros, por exemplo, existe um lugar certo, do próprio terreiro, onde são guardadas velas, pembas, águas diversas, etc. Em outros, os próprios médiuns passistas é que trazem tais ferramentas, em caixas ou sacolinhas. Em outros, ainda, a instrumentação utilizada é diferente, substituindo-se, por exemplo, as bebidas por água.
Parece, a princípio, uma coisa muito complicada, com muita informação para ser decorada de cara, mas com o tempo isso se torna tão comum que começa a fazer parte do próprio intelecto do filho de fé.
Postado por
jaguarmistico
às
9:54:00 AM
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