29/04/2014

ORIXÁ ÒSÚN, SENHORA DE MEU ORI!

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Nome de um rio em Osogbo, região da Nigéria, em Ijexá.
É ele considerado a morada mítica da Orixá.
Apesar de ser comum a associação entre rios e Orixás femininos
da mitologia africana, Òsún é destacada c
omo a dona da água
doce e, por extensão, de todos os rios.
Portanto seu elemento é a água em discreto movimento nos rios,
a água semiparada das lagoas não pantanosas, pois as predominantemente lodosas são destinadas à Nanã e,
principalmente as cachoeiras são de Òsún, onde costumam ser-lhe entregues as comidas rituais votivas e presentes de seus filhos-de-santo.
Òsún domina os rios e as cachoeiras, imagens cristalinas de
sua influência: atrás de uma superfície aparentemente calma
podem existir fortes correntes e cavernas profundas.
Òsún é conhecida por sua delicadeza.
As lendas adornam-na com ricas vestes e objetos de uso pessoal.
Orixá feminino, onde sua imagem é quase sempre associada a maternidade, sendo comum ser invocada com
a expressão "Mamãe Oxum". Gosta de usar colares, jóias,
tudo relacionado à vaidade, perfumes, etc.
Filha predileta de Osalá e Yemojá.
Nos mitos, ela foi casada com Oxóssi, a quem engana,
com Xangô, com ogum, de quem sofria maus tratos e Xangô a salva.
Seduz Obaluaiê, que fica perdidamente apaixonado,
obtendo dele, assim, que afaste a peste do reino de Xangô.
Mas Òsún é considerada unanimente como uma das esposas
de Xangô e rival de Oyá e Obá.
Segunda mulher de Xangô, deusa do ouro (na África seu metal era o cobre), riqueza e do amor;
foi rainha em Oyó, sendo a sua preferida pela jovialidade e beleza.
À Òsún pertence o ventre da mulher e ao mesmo tempo controla a fecundidade, por isso as crianças lhe pertencem.
A maternidade é sua grande força, tanto que quando uma
mulher tem dificuldade para engravidar, é à Òsún que se pede ajuda.
Òsún é essencialmente o Orixá das mulheres, preside a menstruação,
a gravidez e o parto. Desempenha importante função nos
ritos de iniciação, que são a gestação e o nascimento.
Orixá da maternidade, ama as crianças, protege a
vida e tem funções de cura.
Oxum mostrou que a menstruação, em vez de constituir
motivo de vergonha e de inferioridade nas mulheres, pelo contrário, proclama a realidade do poder feminino, a possibilidade de gerar filhos.
Fecundidade e fertilidade são por extensão, abundância e
fartura e num sentido mais amplo, a fertilidade irá
atuar no campo das idéias, despertando a criatividade do ser humano,
que possibilitará o seu desenvolvimento.
Òsún é o orixá da riqueza - dona do ouro, fruto das entranhas da terra.
É alegre, risonha, cheia de dengos, inteligente, mulher-menina
que brinca de boneca, e mulher-sábia, generosa e
compassiva, nunca se enfurecendo.
Elegante, cheia de jóias, é a rainha que nada recusa, tudo dá.
Tem o título de Iyalodê entre os povos iorubá:
aquela que comanda as mulheres na cidade, arbitra litígios e
é responsável pela boa ordem na feira.
Òsún tem a ela ligado o conceito de fertilidade, e é a ela que se
dirigem as mulheres que querem engravidar,
sendo sua a responsabilidade de zelar tanto pelos fetos
em gestação até o momento do parto, onde Yemojá ampara
a cabeça da criança e a entrega aos seus Pais e Mães de cabeça.
Òsún continua ainda zelando pelas crianças recém-nascidas,
até que estas aprendam a falar.
É o orixá do amor, Òsún é doçura sedutora.
Todos querem obter seus favores, provar do seu mel,
seu encanto e para tanto lhe agradam oferecendo perfumes e belos artefatos, tudo para satisfazer sua vaidade.
Na mitologia dos orixás ela se apresenta com características específicas, que a tornam bastante popular nos cultos de origem negra e
também nas manifestações artísticas sobre essa religiosidade.
O orixá da beleza usa toda sua astúcia e charme extraordinário para conquistar os prazeres da vida e realizar proezas diversas.
Amante da fortuna, do esplendor e do poder, Òsún não mede esforços para alcançar seus objetivos, ainda que através de atos
extremos contra quem está em seu caminho.
Ela lança mão de seu dom sedutor para satisfazer a ambição de
ser a mais rica e a mais reverenciada.
Seu maior desejo, no entanto é ser amada,
o que a faz correr grandes riscos, assumindo tarefas
difíceis pelo bem da coletividade.
Em suas aventuras, este orixá é tanto uma brava guerreira,
pronta para qualquer confronto, como a frágil e sensual ninfa amorosa. Determinação, malícia para ludibriar os inimigos,
ternura para com seus queridos, Òsún é, sobretudo a deusa do amor.
O Orixá amante ataca as concorrentes, para que não roubem sua cena, pois ela deve ser a única capaz de centralizar as atenções.
Na arte da sedução não pode haver ninguém superior a Òsún.
No entanto ela se entrega por completo quando perdidamente
apaixonada, afinal o romantismo é outra marca sua.
Da África tribal à sociedade urbana brasileira, a musa que dança nos terreiros de espelho em punho para refletir sua beleza estonteante é tão amada quanto à divina mãe que concede a valiosa
fertilidade e se doa por seus filhos.
Por todos seus atributos a belíssima Òsún não poderia ser menos admirada e amada, não por acaso a cor dela é o reluzente amarelo ouro,
pois como cantou Caetano Veloso, “gente é pra brilhar”,
mas Òsún é o próprio brilho em orixá.
A face de Òsún é esperada ansiosamente por sua mãe, que para engravidar leva ebó (oferenda) ao rio.
E tal desespero, não é o de Yemojá ao ver sua filhinha
sangrar logo após nascer. Para curá-la a mãe mobiliza Ogum, que recorre ao curandeiro Ossãe, afinal a primeira e tão querida filha de
Yemojá não podia morrer.
Filha mimada, Òsún é guardada por Orumilá, que a cria.
Nanã é a matriarca velha, ranzinza, avó que já teve o poder sobre a família e o perdeu, sentindo-se relegada a um segundo plano.
Yemojá é a mulher adulta e madura, na sua plenitude.
É a mãe das lendas – mas nelas, seus filhos são sempre adultos.
Apesar de não ter a idade de Oxalá (sendo a segunda esposa do Orixá da criação, e a primeira é a idosa Nanã), não é jovem.
É a que tenta manter o clã unido, a que arbitra desavenças entre personalidades contrastantes, é a que chora,
pois os filhos adultos já saem debaixo de sua asa e correm os mundos, afastando-se da unidade familiar básica.
Para Òsún, então, foi reservado o posto da jovem mãe, da mulher que ainda tem algo de adolescente, coquete, maliciosa, ao
mesmo tempo em que é cheia de paixão e busca objetivamente o prazer. Sua responsabilidade em ser mãe
se restringe às crianças e bebês.
Começa antes, até, na própria fecundação, na gênese do novo ser,
mas não no seu desenvolvimento como adulto.
Òsún também tem como um de seus domínios, a atividade sexual e a sensualidade em si, sendo considerada pelas lendas uma das figuras físicas mais belas do panteão místico yorubano.
Sua busca de prazer implica sexo e também ausência de
conflitos abertos – é dos poucos Orixás Yorubas
que absolutamente não gosta da guerra.
Tudo que sai da boca dos filhos da Òsun deve ser levado em conta,
pois eles têm o poder da palavra, ensinando feitiços
ou revelando presságios.
Desempenha importante papel no jogo de búzios, pois à ela
quem formula as perguntas que Esú responde.
No Candomblé, quando Òsún dança, traz na mão uma espada e um espelho, revelando-se em sua condição de guerreira da sedução.
Ela se banha no rio, penteia seus cabelos, põe suas jóias e pulseiras,
tudo isso num movimento lânguido e provocante.
ORE YE YE O, AJÉ.....


Arte: CLAUDIA KRINDGES (para tela)

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