13/08/2010

Alquimia

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"Escuro e nebuloso é o início de todas as coisas, mas não o seu fim."
A transmutação de qualquer metal em ouro, o elixir da longa vida são na realidade coisas minúsculas diante da compreensão do que somos. A Alquimia é a busca do entendimento da natureza, a busca da sabedoria, dos grandes conhecimentos e o estudante de alquimia é um andarilho a percorrer as estradas da vida. O verdadeiro alquimista é um iluminado, um sábio que compreende a simplicidade do nada absoluto. É capaz de realizar coisas que a ciência e tecnologias atuais jamais conseguirão, pois a Alquimia está pautada na energia espiritual e não somente no materialismo e a ciência a muito tempo perdeu este caminho. A Alquimia é o conhecimento máximo, porém é muito difícil de ser aprendida ou descoberta. Podemos levar anos até começarmos a perceber que nada sabemos, vamos então começar imediatamente pois o prêmio para os que conseguirem é o mais alto de todos.

Introdução:
O ideal alquimista não constitui a descoberta de novos fenômenos, ao contrário do que procura cada vez mais intensamente a ciência moderna, mas sim reencontrar um antigo segredo, que ainda é inacessível e inexplicado para a maioria. Ela não é constituída somente de um caminho material, como por exemplo a transmutação de qualquer metal em ouro. Antes de tudo a alquimia é uma arte filosófica, uma maneira diferente de ver o mundo.
Não podemos, no entanto, separar o material do espiritual, uma vez que na Terra estamos encarnados em um corpo, onde um sofre influência do outro, pois na realidade tudo é uma coisa só, uma unidade, o ser humano. Na alquimia ocorre a transmutação da matéria e do espírito ao mesmo tempo. O alquimista adquire conhecimentos irrestritos da natureza, se pondo em um ponto especial de observação, vendo tudo de maneira diferente. Seria como se uma pessoa pudesse ver tanto o aspecto físico nos mínimos detalhes bem como as energias associadas a este corpo. O alquimista estaria em contato total com o universo, enquanto que para todos nós este contato é apenas superficial.
Na realização da Grande Obra, o alquimista consegue obter a pedra filosofal e modificar sua aura eliminando a cobiça e a avidez. Descobre que o ouro material não tem grande valor quando comparado ao ouro interno, ou seja, o caminho espiritual é infinitamente mais importante que as coisas materiais. Todos deveriam se contentar com o básico para sobrevivência do corpo e se dedicar por inteiro a busca de um aperfeiçoamento espiritual. Somente os homens de coração puro e intenções elevadas serão capazes de realizar a Grande Obra.
A corrida atômica se intensificou durante a Segunda guerra mundial, onde vários cientistas desenvolveram a bomba atômica que viria a ser a maior ameaça para a sobrevivência da Terra. Se os alemães tivessem tido acesso a estes conhecimentos antes, não teria sobrado muita coisa em nosso planeta. Portanto se os cientistas tivessem mais consciência e um maior conhecimento das conseqüências de suas descobertas, não teriam divulgado muitas coisas. Os alquimistas já conheciam o poder e os perigos da energia atômica a muito tempo e não divulgaram em função dos riscos inerentes de uma má utilização destes conhecimentos.
Por isso existe um grande segredo em torno da alquimia. A ciência na atualidade se especializou tanto que cada vez mais os cientistas estudam uma parte menor de determinada área. Acreditam que com isso podem avançar muito mais em determinada direção. Assim, perdem a visão do todo, tornando-se menos conscientes da utilização de tais pesquisas, quer seja para o bem ou para mal.
Os cientistas estão mais preocupados com a fama e dinheiro do que com o próprio sentido da ciência. Eles podem ser comparados a empresários capitalistas pois para a maioria o caminho é unicamente material. Quando pensam no aspecto espiritual este se encontra dissociado de tudo o quanto mais acreditam. Eles são os sopradores modernos.
O alquimista é o estudante assíduo da alquimia, aquele que busca o caminho para a iluminação. O soprador é um mercenário que só se interessa pelo ouro que ele poderá produzir e o Adepto é o alquimista que realizou a Grande Obra, ou seja um iluminado.
A alquimia é a mais antiga das ciências e influenciou todas as demais. Tem como principal objetivo compreender a natureza e reproduzir seus fenômenos para conseguir uma ascensão a um estado superior de consciência. Os alquimistas, em suas práticas de laboratório, tentavam reproduzir a pedra filosofal a partir da matéria prima primordial. Com uma pequena parte desta pedra é possível obter o controle sobre a matéria, transformando metais inferiores em ouro e também o Elixir da Longa Vida, que é capaz de prolongar a vida indefinidamente.
O ouro é considerado o mais perfeito dos metais pois dificilmente se oxida, não perde o brilho e acredita-se que todos os outros metais evoluem naturalmente até ele no interior da terra. Portanto, a transmutação é considerada um processo natural. Os alquimistas somente aceleram este processo, realizando as transmutações em seus laboratórios. Este tipo de conhecimento ficou sendo o mais cobiçado, não pelos alquimistas, mas pelos não iniciados, os sopradores como eram chamados. Eles buscavam a pedra filosofal, que lhes confeririam poderes como a invisibilidade, viagens astrais, curas milagrosas, etc.
Esta pedra filosofal não se constituía necessariamente de um objeto, mas sim energia que pode ser adquirida e controlada. Este conjunto pedra e alquimista são responsáveis dos poderes alcançados. Um não iniciado poderia possuir a pedra e dela não desfrutar toda a sua potencialidade conseguindo, quando muito transformar uma pequena quantidade de chumbo em ouro. A transformação da matéria-prima na pedra filosofal, juntamente com a transformação do indivíduo constitui a Grande Obra.
No laboratório, com experimentos e constantes leituras e releituras, o alquimista nas várias etapas da transformação da matéria, vai gradativamente transformando a própria consciência. Antes do ouro metal, o alquimista deverá encontrar o ouro espiritual dentro de si.
Os ideais e poderes pretendidos pelos alquimistas, nos faz correlacioná-los aos poderes de Cristo, que foi capaz de transmutar água em vinho, multiplicar os pães, andar sobre a água, curar milagrosamente, dentre outros. Ele sempre dizia: "aquele que crê em mim, fará tudo que eu faço e ainda fará coisas maiores".
Os alquimistas buscavam esta pureza e compreensão espiritual, conseguindo assim, realizar estas obras. Portanto, o exemplo de Cristo, além do exemplo espiritual, constitui-se em um meio de descobrir o poder sobre a matéria. Muitos alquimistas consideram Cristo a pedra filosofal. Encontrar a pedra filosofal significa descobrir o segredo da existência, um estado de perfeita harmonia física, mental e espiritual, a felicidade perfeita, descobrir os processos da natureza, da vida, e com isso recuperar a pureza primordial do homem, que tanto se degradou na Terra. Portanto, a Grande Obra eleva o ser a mais alta perfeição: purifica o corpo, ilumina o espírito, desenvolve a inteligência a um ponto extraordinário e repara o temperamento.
A pedra filosofal era gerada a partir da matéria prima primordial, além de outros compostos, no Ovo Filosófico que é um recipiente redondo de cristal onde todos estes compostos vão sendo transformados, em várias etapas, sempre utilizando o forno. Este processo freqüentemente é comparado a uma gestação da pedra filosofal. Isto seria como reproduzir o que a Natureza fez no princípio, quando só existia o caos, porém de maneira mais rápida, dando melhores condições para que ocorram as transformações. Portanto, a conclusão da Grande Obra, ou seja, o entendimento dos segredos alquímicos, significa adquirir os conhecimentos das leis universais e penetrar em uma dimensão espaço-tempo sagrada, diferente da do cotidiano de todos.
Origem:
A origem da alquimia se perde no tempo, sendo mais antiga do que a história da humanidade. Seu verdadeiro início é desconhecido e envolto em obscuridade e mistério. Assim, seu surgimento confunde-se com a origem e evolução do homem sobre a Terra.
A utilização e o controle do fogo separou o animal irracional do ser humano. Nos primórdios, não se produzia o fogo, porém ele era controlado e utilizado para aquecer, iluminar, assar alimentos, além de servir para manejar alguns materiais, como a madeira. Bem mais tarde conseguiu-se produzir e manufaturar materiais com metal, a partir de metais encontrados na forma livre e posteriormente partindo dos minérios.
Muitos associam a origem da alquimia a herança de conhecimentos de uma antiga civilização que teria sido extinta. Na Terra, já teriam existido inúmeras outras civilizações em diversas épocas remotas, dentre elas várias eram mais evoluídas que a nossa. Estas civilizações tiveram uma existência cíclica, com o nascimento, desenvolvimento e morte ocorrida provavelmente por meio de grandes catástrofes, como a queda de um grande meteoro, inundações, erupções vulcânicas, dentre outras que acabavam por reduzir grandes civilizações a um número ínfimo de sobreviventes ou mesmo por dizimá-las, fazendo com que uma nova civilização brotasse das cinzas. Os conhecimentos sobre a alquimia estariam impregnados no inconsciente coletivo de todas as civilizações até hoje ou poderiam ter sido transmitidos pelos poucos sobreviventes, desta maneira a alquimia teria resistido ao tempo.
Os textos chineses antigos se referem as "ilhas dos bem aventurados" que eram habitadas por imortais. Acreditava-se que ervas contidas nestas três ilhas após sofrerem um preparo poderiam produzir a juventude eterna, seria como o elixir da longa vida da alquimia.
No ocidente, o Egito é considerado o criador da alquimia. O próprio nome é de origem árabe (Al corresponde ao artigo o), com raiz grega (elkimyâ). Kimyâ deriva de Khen (ou chem), que significa "o país negro", nome dado ao Egito na antigüidade. Outros acham que se relaciona ao vocábulo grego derivado de chyma, que se relaciona com a fundição de metais.
Os alquimistas relacionam a sua origem ao deus egípcio Tote, que os gregos chamavam de Hermes (Hermes Trimegisto). Alguns alquimistas o considerava como um rei antigo que realmente teria existido, sendo o primeiro sábio e inventor das ciências e do alfabeto. Por causa de Hermes a alquimia também ficou conhecida como arte hermética ou ciência hermética.
Os relatos mais remotos de doutrinas que utilizavam os preceitos alquímicos, remontam de uma lenda que menciona o seu uso pelos chineses em 4.500 a.C. Ao que parece ela teria aflorado do taoísmo clássico (Tao Chia) e do taoísmo popular, religioso e mágico (Tao Chiao). Porém os textos alquímicos começaram a surgir na dinastia T'ang, por volta de 600 a.C. Na China, o mais famoso alquimista foi Ko Hung (cujo nome verdadeiro era Pao Pu-tzu, viveu de 249-330 d.C.) que acreditava que com a alquimia poderia superar a mortalidade. Atribui-se a ele a autoria de mais de cem livros sobre o assunto, dos quais o mais famoso é "O Mestre que Preserva sua Simplicidade Primitiva".
Teria aprendido a alquimia por volta de 220 d.C com Tso Tzu. O tratado de Ko Hung, além da alquimia trata também da ciência da alma e das ciências naturais. Sua obra trata tanto do elixir da longa vida bem como da transmutação dos metais. Até então a alquimia chinesa era puramente espiritual e foi Ko Hung que introduziu o materialismo, provavelmente devido a influências externas. Ela foi influenciada também pelo I Ching "O livro das Mutações". Posteriormente seguiu a escola dos cinco elementos, que mesmo assim permaneceu quase que completamente mental-espiritual.
Na China a alquimia também ficou vinculada à preparação artificial do cinábrio (minério do qual se extraía o mercúrio – sulfeto de mercúrio), que era considerado uma substância talismânica associada a manutenção da saúde e a imortalidade. A metalurgia, principalmente o ato da fundição, era um trabalho que deveria ser realizado por homens puros conhecedores dos ritos e do ofício. A transformação espiritual era simbolizada pelo "novo nascimento", associada a obtenção do metal a partir do minério (cinábrio e mercúrio).
A filosofia hindu de 1000 a.C. apresentava algumas semelhanças com a alquimia chinesa, como por exemplo o soma cujo conceito assemelhava-se ao do elixir da longa vida. No Egito a alquimia teria surgido no século III d.C. e demonstrava uma influência do sistema filosófico-religioso da época helenística misturando conhecimentos médicos com metalúrgicos. A cidade de Alexandria era o reduto dos alquimistas. O alquimista grego mais famoso foi Zózimo (século IV), que nasceu em Panópolis e viveu em Alexandria, escreveu uma grande quantidade de obras. Nesta época, várias mulheres dedicavam-se a alquimia, como por exemplo Maria, a judia, que inventou o um banho térmico com água muito utilizado nos laboratórios atualmente, o "banho-maria", Kleopatra que possivelmente não seria a Rainha Cleópatra, Copta e Teosébia. Os persas conheciam a medicina, magia e alquimia. A alquimia possuía um pouco da imagem da população de Alexandria, era uma mistura das práticas helenísticas, caldaicas, egípcias e judaicas.
Alexandre "o Grande" foi quem teria disseminado a alquimia durante suas conquistas aos povos Bizantinos e posteriormente aos Árabes. Os árabes, sob a influência dos egípcios e chineses, trouxeram a alquimia para o ocidente ao redor do ano de 950, inicialmente para a Espanha. Construíram-se escolas e bibliotecas que atraiam inúmeros estudiosos. Conta-se que o primeiro europeu a conhecer a alquimia foi o teólogo e matemático monge Gerbert que mais tarde tornou-se papa, no período de 999/1003, com o nome de Silvestre II. Na Itália Miguel Scott, astrólogo, escreveu uma obra intitulada De Secretis em que a alquimia estava constantemente presente. No século X, a alquimia chinesa renunciou a preparação de ouro e se concentrou mais na parte espiritual. Ao invés de fazerem operações alquímicas com metais, a maioria dos alquimistas realizavam experimentos diretamente sobre seu corpo e espírito. Esta retomada a uma ciência espiritual teve como ponto culminante no século XIII com o taoísmo budaizante, com as práticas da escola Zen.
A alquimia deixou muitas contribuições para a química, como subproduto de seus estudos, dentre eles podemos citar: a pólvora, a porcelana, vários ácidos (ácido sulfúrico), gases (cloro), metais (antimônio), técnicas físico-químicas (destilação, precipitação e sublimação), além de vários equipamentos de laboratório. Na China produzia-se alumínio no século II e a eletricidade era conhecida pelos alquimistas de Bagdá desde o século II a.C.
Como aprender:
"Ora, lege, lege, relege, labora et invenier" (ore, lê, lê, relê, trabalhe e encontrarás). Esta era uma das primeiras grandes lições que o mestre alquimista ensinava a seus discípulos.
A literatura alquímica produzida pelos iniciados é bastante complexa por estar em linguagem hermética de difícil compreensão. Portanto para aqueles que pretendem se aprofundar na alquimia, o primeiro passo é ler os livros gerais para compreender os fundamentos e começar a familiarizar-se com a interpretação dos textos herméticos. Cada livro deve ser relido até a obtenção de uma compreensão mais profunda, sendo que as releituras devem ser intercaladas entre os vários textos. O último livro lido ou relido mostrará o conhecimento de todos os demais, assim como os primeiros irão ajudar a entender o último. O estudante deve se fixar principalmente nos livros que mais lhe agrada.
Apesar de tanto estudo, a maior parte do conhecimento ainda ficará incompreendida e só clareará na prática diária, ou seja, fazendo experiências em laboratório. A paciência é uma grande virtude a ser desenvolvida, pois vários anos de estudo teóricos e práticos são necessários para alcançar uma melhor compreensão e posteriormente a conclusão da Grande Obra, sendo que no caminho muitos fracassos ocorrerão. A maior parte dos que se dedicam a alquimia desistem e muitos, apesar de não desistirem, não a compreendem mesmo durante toda uma vida. Dos poucos que conseguem concluir a Grande Obra, a maior parte leva mais da metade de sua existência para alcançar.
A iniciação talvez seja um processo semelhante ao da criação da própria pedra filosofal. Ela é considerada como um novo nascimento, a gênese para aquele que recebeu a luz e agora pode direcionar-se a caminho de um novo começo, com uma outra consciência. Constitui a morte dos conceitos errôneos e o renascimento das coisas puras e verdadeiras.
A alquimia é de difícil compreensão porque seus ensinamentos referem-se, ao mesmo tempo, às operações de laboratório e ao caminho de uma evolução psíquica e espiritual. Portanto os ensinamentos devem ser interpretados em todos os aspectos. A observação mais acurada da natureza de todos os seus fenômenos e manifestações deve fazer parte do dia-a-dia do estudante, ou seja, ele deve sempre estar atento as transformações, aos ciclos astrológicos (do sol, da lua, dos planetas) e terrestres ( da água e dos nutrientes) e aos pequenos detalhes (dos animais, vegetais e minerais), pois todo o conhecimento alquímico, inclusive sua linguagem, provém destas observações e sabendo interpretá-las fica mais fácil compreender a alquimia.
A dica de alguns alquimistas é que o estudante faça seu laboratório em local isolado, não divulgue para ninguém suas intenções devendo ser perseverante, dedicado, calmo, paciente, honesto, caridoso, acredite em Deus e principalmente que consiga um capital para poder dedicar-se totalmente aos estudos, incluindo além das despesas básicas, livros e equipamentos para o laboratório, ou que consiga uma atividade que possibilite uma grande disponibilidade para a dedicação ao estudo. Cada um deve procurar o melhor caminho para obter tempo e recursos para uma total dedicação.
O encontro com o mestre:
Apesar do estudante ter lido inúmeros livros dos iniciados, realizado experimentos em laboratório e possua inteligência suficiente, ainda não será capaz de atingir o cerne dos segredos "sozinho". A literatura hermética é uma dádiva para aqueles que conhecem os segredos e uma tortura para aqueles que não o conhecem. "Ao que tem, lhe será dado; e, ao que não tem, até o que tem lhe será tirado". Quando o estudioso de alquimia estiver preparado, ou seja, quando esgotarem suas possibilidades de estudos teóricos e práticos e os conhecimentos estiverem presentes em seu consciente e inconsciente, ele encontrará a figura de um mestre que o conduzirá ao caminho da sabedoria e iluminação, tornando-o um iniciado na arte sagrada podendo assim concluir a Grande Obra.
Este mestre pode se revelar na forma de anjo ou espírito. Poucos foram os que encontraram um mestre vivo que lhes passasse os grandes conhecimentos, pois os alquimistas não revelavam seus segredos nem para seus próprios filhos, somente para os puros de espírito que estiverem preparados. O estado de semiconsciência, necessário para obter o sonho ou visão é normalmente atingido após longas horas de concentração, meditando sobre os livros ou quando parado no laboratório esperando e observando as transformações dentro dos recipientes alquímicos.
Nos relatos do encontro com um mestre, normalmente este é um homem de meia idade, veste roupas simples, têm cabelos lisos e negros, estatura mediana, magro, rosto pequeno e comprido e não tem barba. Estas são as características de Saturno, que é o "sujeito dos Sábios", o velho, o planeta mais longe da Terra. Podendo designar também a matéria-prima.
Linguagem hermética:
Animais normalmente tem um significado especial, como por exemplo, a representação dos quatro elementos. O unicórnio ou o veado representam a terra, peixes a água, pássaros o ar e a salamandra o fogo. O corvo simboliza a fase de putrefação do processo, que fica da cor negra. Enquanto que um tonel de vinho representa a fermentação.
A caverna representa a fase de dissolução, quando a matéria se aprofunda, se racha e se abre. Em muitos textos os metais estão representados pelos planetas correspondentes (veja os sete metais) pois eram preparados elixires de outros metais, além do ouro e da prata. A balança representa o ar, a sublimação, as proporções naturais. A figura de um andrógino ou de Adão e Eva, representam a matéria prima, composta do mercúrio e do enxofre.
O anjo simboliza a água – "Espírito da Pedra" A matéria-prima, bem como o próprio alquimista, podem ser representados pelo bobo, pelo peregrino ou pelo viajante. A imagem de uma rocha, cavernas, montanhas e outras representações de grandes blocos de pedra, sob o qual encontram-se tesouros. A cena ainda pode conter uma árvore, uma nascente, um dragão montando guarda, mineiros trabalhando, isto tudo evoca a matéria-prima, que também é comparada à virgem, pois ainda não recebeu o princípio masculino, ou com uma prostituta que é capaz de receber todos os princípios masculinos, comparando assim a matéria-prima com a facilidade de unir-se aos metais. Ë capaz de abrigar dentro de si todos os metais, apesar de não ser metálica. Os alquimistas também chamavam a matéria-prima de lobo cinzento.
Uma mendiga ou uma velha representa o aspecto desprezível e repulsivo da matéria-prima ou raiz metálica. O leite da virgem designa o mercúrio comum ou primeiro mercúrio por fluir sem cessar de uma coisa a outra, alimentar tudo e passando de um ser a outro, até mesmo da vida para a morte e vice-versa. O eixo do mundo ou o eixo do trabalho do alquimista é representado pela árvore em que a matéria-prima constitui a raiz.
Uma luta entre o dragão alado contra o dragão áptero, de um cão com uma cadela ou da salamandra com a rêmora, representam o combate entre o volátil e o fixo, o feminino e o masculino, ou o mercúrio e o enxofre, os dois princípios que estão contidos na matéria. Enquanto que a união entre estes dois princípios é representada pelo casamento do rei e da rainha, do homem de vermelho com a mulher de branco, do irmão com a irmã (pois eles provém de uma mesma matéria mãe), de Apolo e Diana, do sol e da lua ou juntar a vida à vida. Normalmente a este casamento precede morte e tristeza.
Apanhar um pássaro significa fixar o volátil. O leão verde normalmente é associado ao sal. A pessoa iniciável ou a substância inicial (matéria-prima) pode ser representada pelo filho mais jovem de uma viúva (que representa Ísis) ou de um rei, um soldado que já cumpriu o serviço militar, um aprendiz de ferreiro, um jovem pastor, o filho de um rei em idade de se casar e outros casos semelhantes. O abismo, um recife e outros perigos de uma viagem representam os cuidados ou os perigos que o fogo conduzido inadequadamente podem causar.
O dissolvente universal tanto é associado ao sal como ao mercúrio normalmente é representado por uma fonte, leão verde, água da vida ou da morte, água ígnea, fogo aquoso, água que não molha as mãos, água benta, vento, espada, lanterna, cervo, um velho, um servidor, o peregrino, o louco, mãe louca, dragão, serpente, Diana, cão, dentre outros. Os alquimistas utilizam também alfabetos secretos, codificados, anagramas e criptografia. Além de simples sinais que identificam uma operação, substância ou objeto.
Princípios:
Os quatro elementos e os três princípios:
A alquimia além do aspecto espiritual, constituí uma verdadeira ciência que tem como finalidade compreender a matéria e o cosmo, ou seja, o microcosmo e o macrocosmo, além de tentar reproduzir de forma mais rápida o que a natureza leva milênios para conseguir. Como em qualquer área de conhecimento, a alquimia possuía uma linguagem própria. Para tentar transmitir conhecimentos que não haviam palavras específicas para expressar eles utilizaram termos conhecidos, que transmitia uma idéia rudimentar de algum evento. Assim utilizavam os termos Água, Terra, Ar e Fogo para explicar os quatro elementos, correlacionando-os respectivamente com o estados líquido, sólido, gasoso e a energia. O fogo simbolizava todos os tipos de energia, inclusive a energia imaterial dos corpos, o "éter", ou estado "etéreo". O conceito de estado gasoso não ficou conhecido pelo ocidente até o século XVIII com as pesquisas de Lavoisier. Isto demonstra o quanto os Alquimistas estavam adiantados em relação aos sábios de seu tempo.
Água – penetrante, dissolvente e nutritiva Terra – solidez que estabiliza a matéria, suporte para o líquido Ar – gasoso, expansivo, volátil Fogo – energia que acelera o processo, aquece, ilumina A Quintessência – Éter – equilibra e penetra nos corpos, é a força viva A terra e a água constituem estados visíveis, enquanto o fogo e o ar são estados invisíveis.
Os quatro elementos porém não eram suficientes para expressar todas as características e assim os alquimistas adotaram os termos Enxofre, Mercúrio e o Sal para expressar os três princípios e, da mesma maneira que os quatro elementos, não representavam as substâncias mencionadas em si, mas sim as suas propriedades materiais que poderiam ser retiradas ou acrescentadas as substâncias, possivelmente por reações químicas ou transmutações.
Enxofre – princípio fixo – representa as propriedades ativas – combustibilidade, a ação corrosiva, o poder de atacar os metais, e também o princípio ativo ou masculino, o movimento, a forma, o quente. É considerado o embrião da pedra e alimentado pelo mercúrio, pois está contido em seu ventre. Também é considerado a energia animadora e constitui o objetivo da Grande Obra.
Mercúrio – princípio volátil – representava as propriedades passivas – maleabilidade, brilho, fusibilidade, a fraca tensão de vapor, o escorregadio que toma várias formas e o fugidio. Além de designar a matéria, designa também outros aspectos como: o princípio passivo ou feminino, o inerte, o frio. O mercúrio também pode designar a matéria-prima, é considerado a mãe dos metais ou a água primitiva que deu origem a todos eles. Este é o mercúrio segundo, mercúrio filosófico ou mercúrio duplo que contém os dois princípios, o mercúrio e o enxofre. O primeiro mercúrio ou mercúrio comum também é chamado de dissolvente universal.
O mercúrio é ao mesmo tempo o caminho e o andarilho, com a Grande Obra representando uma viagem. Estes dois princípios possuem as propriedades contrárias e a mistura de propriedades contrárias é muito importante na alquimia, ou seja, o dualismo enxofre-mercúrio de todas as coisas.
O mercúrio também é chamado de sal dos metais. Na realidade o mercúrio no final da obra adquire a tríplice qualidade. Sal – também conhecido por arsênico – é o meio de união entre as propriedades do Mercúrio e as do Enxofre, como uma força de interação, muitas vezes associado a energia vital, que une a alma ao corpo. No ser humano, o enxofre seria o corpo físico; o mercúrio, a alma e o sal, o espírito mediador. Esse sal normalmente é relatado como sendo um fogo aquoso ou uma água ígnea e é obtido a partir do mercúrio comum em conjunção com o fogo, obtendo assim a chamada "água que não molha as mãos". Assim como o mercúrio, o sal também é relatado como sendo o dissolvente universal. Na verdade o fixo e o volátil nunca podem estar separados, não existe mercúrio que não contenha o enxofre, por isso, as vezes o sal aparece com o nome de um deles dependendo da fase da operação. O sal protege os metais para que no processo não sejam totalmente destruídos e reste assim a semente, que por seu intermédio nascerá algo novo.
Os sete metais:
Na natureza, a terra contém "sementes" que dão origem aos metais por um processo de evolução e aperfeiçoamento. Todos os metais, com o tempo, transformar-se-ão em ouro que contém o equilíbrio perfeito dos quatro elementos. Na alquimia não existe matéria morta e todas as substâncias, animal, vegetal ou mineral, são dotadas de vida e movimento, ou seja, possuem suas energias características.
Ouro – representado pelo Sol.
Prata – representado pela Lua.
Mercúrio – representado pelo planeta Mercúrio.
Estanho – representado por Júpter.
Chumbo – representado por Saturno, por ser considerado pesado e lento.
Cobre – representado por Vênus, maleabilidade, sossego, beleza e prazer.
Ferro – representado por Marte.
A unidade da matéria e do universo:
O mundo é como um grande organismo (macrocosmo), enquanto que o homem é um pequeno mundo (microcosmo), esta é uma das interpretações da frase: "O que está em cima é como o que está em baixo". O próprio laboratório do alquimista é um microcosmo onde ele tenta reproduzir de maneira mais acelerada um processo semelhante ao da criação do mundo.
Toda matéria (por matéria fica entendido tudo que existe no universo, até mesmo a energia pode estar revestida pela matéria) é constituída de uma mesma unidade comum a todas as substâncias. A partir desta "semente" pode-se produzir infinitas combinações e infinitas substâncias. O símbolo alquímico do ouroboros, que é a figura de uma serpente mordendo a própria calda formando um círculo, representa estas constantes transformações em que nada desaparece nem é criado, tudo é transformado como o princípio da conservação de energia, ou primeira lei da termodinâmica, postulado muito tempo depois.
Portanto, esta unidade da matéria é única e a mesma para todas as coisas, podendo combinar-se produzindo uma variedade infinita de substâncias e energias. Matéria e energia provém de uma mesma entidade. Einstein unificou a interconversão entre matéria e energia, na equação E=m.c2 (E = energia liberada; m = matéria transformada e c = velocidade da luz).
Os alquimistas procuram reduzir a matéria à unidade comum, que não são os átomos, para assim poderem reestruturá-la, tornando possível a transmutação. Esta unidade da matéria constitui tudo que existe, desde os átomos que se combinam para formar as moléculas e estas irão formar outras substâncias mais complexas, os organismos até os planetas que formam os sistemas e galáxias. Portanto, todas as coisas possuem a mesma unidade fundamental, este é o postulado fundamental da alquimia "Omnia in unum" (Tudo em Um).
O caos primordial que deu origem ao universo é comparado no reino mineral à matéria-prima, que é uma massa em estado de desordem que dará origem à pedra filosofal.
Deus – o mundo celeste e o terreno:
Tudo o que existe material ou espiritual constitui uma única unidade. O divino é expresso como sendo "o círculo cujo centro está em toda parte e a circunferência em parte alguma". Portanto, todas as coisas surgiram do mesmo Criador, o mundo terreno é constituído pelos mesmos componentes que o mundo celeste.
Um dos grandes problemas de compreensão dos fundamentos da alquimia consiste na interpretação do espírito que só pode ser compreendido remontando a uma memória muito antiga, da época em que todos os seres do mundo celeste e do mundo terreno se comunicavam e o espírito circulava livremente entre todos os seres.
Muitos alquimistas foram grandes profetas como Nostradamos, Paracelso, dentre outros e todos eles acreditavam que em breve, no fim de mais um ciclo terrestre, haveria uma grande catástrofe que seria um novo começo para a humanidade. Restaria uma consciência coletiva, a mesma que deu origem a alquimia em outros ciclos.
O dualismo sexual:
A energia original é criada pela junção dos princípios masculino e feminino (sol e lua). Muitos alquimistas constituem casais na busca da Grande Obra, porém para que ocorra uma perfeita união alquímica este casal, ou seja, estas duas metades devem ser complementares formando um único ser (como a figura alquímica do andrógino). Contudo é muito difícil encontrar um par que produza uma união tão perfeita.
O Cosmo:
O cosmo é visto como um ser vivo sendo que seus constituintes tem espírito e propósito definido. As estrelas exalam um campo de energia que pode ser sentido e utilizado pelo homem e assim obter as transformações.
A vida:
Existe uma crença na alquimia da criação artificial de um ser humano, o homúnculo ou Golem, porém estes relatos de alguns alquimistas célebres poderia referir-se de forma figurada ao processo de fabricação da pedra filosofal, onde o homúnculo representaria a matéria prima para a fabricação da pedra ou então uma fase da iniciação em que o homem ressurge após a morte do outro já degradado.
Na concepção alquímica tudo o que existe é vivo, até mesmo os minerais. Os metais vivem, crescem, reproduzem-se e evoluem. Portanto qualquer metáfora sobre seres vivos podem estar referindo-se também ao reino mineral. A natureza e todos os seus constituintes devem ser respeitados para que a harmonia perfeita possa ser mantida. Esta consciência opõe-se claramente a forma de encarar a natureza até hoje, em que esta deve ser explorada o máximo possível e ainda consideram isto a evolução da humanidade. Reaprender a ver, sentir e ouvir a natureza, significa incorporar-se a ela, para relembrar o remoto passado quando fazíamos parte dela integralmente.
O amor:
Todo o conhecimento alquímico está alicerçado no amor e por isso inacessível aos processos científicos atuais. A união pelo amor está sempre presente em qualquer obra alquímica representando uma energia que une dois princípios ou dois materiais, tornado-os um só. De forma figurada é descrita como o casamento do Sol e da Lua, do enxofre e do mercúrio, do Rei e da Rainha, do Céu e da Terra ou do irmão e da irmã, por terem vindo da mesma raiz ou mesma substância.
Astrologia:
Na alquimia a astrologia exerce um papel fundamental desde a escolha do momento certo para o início da obra, da colheita dos materiais utilizados, até o momento mais propício para o alquimista trabalhar.
Laboratorio:
A prática alquímica, de maneira extremamente resumida, consiste em pegar a prima materia (matéria-prima primordial) eliminar as suas impurezas (morte e renascimento), separar seus componentes (mercúrio e enxofre) e reuni-los novamente (por intermédio do sal) fixando os elementos voláteis, formando assim a pedra filosofal. Seria como "libertar o espírito por meio da matéria e a própria matéria por meio do espírito", ou ainda, fazer do fixo, volátil e do volátil,o fixo, onde não se pode fazer cada etapa independentemente.
O alquimista é uma peça fundamental nos experimentos e não somente um simples observador. O experimento e o experimentador constituem uma única coisa na alquimia. Este ponto de vista do experimentador como participante está agora sendo retomado pela física quântica, alterando o termo observador para participante. Portanto, mesmo tendo o conhecimento prático do processo, se tiver perdido a pureza do espírito, a Grande Obra não poderá ser concluída.
Vários alquimistas relatam doze processos, em três etapas ou três obras, para a realização da Grande Obra que, contudo, não correspondem literalmente aos nomes conhecidos. São eles: Calcinação – constitui a purificação do primeiro material pelo fogo, sem contudo diminuir seu teor de água. Solução ou dissolução – a parte sólida é dissolvida na água, porém é relatado que esta água não molha a mão. A água pode ser o próprio mercúrio. Esta é uma "dissolução filosófica" em que o solvente mata os metais, portanto esta fase é um símbolo da morte para os três reinos.
Separação – o mercúrio é separado do enxofre. Fornecendo um calor externo adequado, o mercúrio que contém o enxofre interno coagula a si mesmo graças a um artificio que constitui um segredo, o secretum secretorum, que é uma marca divisória entre a alquimia e a química. Este artifício consiste, metaforicamente, em capturar um raio de sol, condensá-lo, aprisioná-lo em um frasco hermeticamente fechado e alimentá-lo com o fogo. A terra fica em baixo enquanto o espírito sobe. Esta etapa completa a primeira obra e quando concluída corretamente pode se ver a formação de uma estrela dentro do frasco. Conjunção – o mercúrio e o enxofre são novamente unidos. Toda a operação deve ser realizada no mesmo recipiente, sendo que nesta fase o frasco é hermeticamente fechado.
Putrefação – o calor mata os corpos e a putrefação ocorre. Aparece uma coloração escura, enegrecida. Congelamento – nesta fase aparece uma coloração esbranquiçada, um calor brando é quem promove esta mudança. Cibação – à matéria seca deve ser adicionado os componentes necessários para alimentá-la.
Sublimação – fase em que o corpo torna-se espiritual e o espírito corporal, ou seja, volatilizar o fixo e fixar o volátil, sendo que um processo depende do outro e não é possível fixar um sem volatilizar o outro. Para esta fase é relatado uma duração de quarenta dias. Porém, todo esse processo que se encerra com a sublimação teve início na conjunção e constitui a segunda obra. Fermentação – adiciona-se ouro para tornar o já existente mais ativo.
Exaltação – processo semelhante a sublimação, seria uma ressublimação. Multiplicação – uma quantidade maior de energia é acrescida nesta etapa, porém não é necessariamente a matéria que aumenta. Projeção – teste final da pedra em seus usos normais, como a transmutação. O agente da dissolução é convertido em paciente que sofre a operação na fase da coagulação. Por isso a operação é comparada a brincadeira de criança de "pular carniça" em que ora um pula o outro e ora é pulado.
A matéria-prima:
Esta primeira matéria que dará origem a pedra filosofal constitui um dos grandes segredos da alquimia. Normalmente é descrita como algo desprezado, inferior e sem valor. Pode ser encontrado em todos os lugares, é conhecido por todos, é varrido para fora de casa, as crianças brincam com ele, porém possui o poder de derrubar soberanos.
Dentre os não iniciados, cada um aposta em um tipo de material tanto do reino animal, vegetal como mineral. ários utilizaram minérios (especialmente os de chumbo, o cinabre que contém enxofre e mercúrio, o stibine um raro mineral sulfuroso, a galena que é magnética), cinzas, fezes, barro, sangue, cabelos. A maioria deles emprega a própria terra, recolhida em local preservado. A terra estaria impregnada de energia cósmica, com a água que contém.
Esta matéria não está somente no reino do psiquismo, como afirmava Jung, ela tem também sua expressão no reino material através de um mineral que possui propriedades vegetativas. Descobrir a matéria-prima não é o principal, mas sim erguê-la a um ponto privilegiado para as operações subseqüentes. Esta abordagem só será conseguida quando o alquimista deixa de lado a fronteira fictícia entre os elementos constitutivos de sua personalidade (física e espiritual) e o universo.
Ela normalmente é relacionada ao caos da gênese, a base de todo o processo, que tanto é material como imaterial. Para descobrir a matéria-prima mineral o operador e o objeto, observador e o observado, devem estar unidos. Isto significa se abstrair da visão lógica e desenvolver uma visão intuitiva. Esta visão pode aparecer após um longo período de reflexão sobre os impasses insolúveis da alquimia, após um estímulo externo como o barulho do vento, das ondas do mar, do trovão e outros. Caso contrário ela permanecerá escondida por uma roupagem ou uma casca como o ovo.
O orvalho:
O orvalho normalmente é utilizado para umedecer (banhar e nutrir) a matéria-prima. Como se condensa lentamente e desce da atmosfera está impregnado da energia cósmica. A melhor época de recolher o orvalho vai do equinócio de primavera ao solstício de verão, pois possui uma maior energia. Normalmente é recolhido com lençóis estendidos sobre vegetação rasteira sem, no entanto, tocá-la.
As cores da Grande Obra:
Nas várias etapas do processo a matéria vai mudando de cor, primeiro aparecendo uma massa enegrecida, que passa a esbranquiçada e finalmente avermelhada. A cor negra seria a cor da fase da putrefação, a cor branca se inicia na fase de dissolução e a cor vermelha constitui a fase final do processo, ou seja, a pedra filosofal. Podem também aparecer cores intermediárias como o amarelo e mesmo as cores do arco-íris, também chamadas de cores da cauda do pavão. A observação destas cores é muito importante para saber se a obra está evoluindo de maneira correta. Outro indício da conclusão constitui na junção de cristais em forma de estrela na superfície do líquido, ou um som parecido com o canto de cisnes.
A Temperatura:
A temperatura do forno em cada etapa do trabalho deve ser rigorosamente controlada. O aquecimento deve ser aumentado de forma gradual e bem lenta. A primeira etapa (putrefação) pode durar quarenta dias e a temperatura desta é compara a do ventre ou do seio materno. Aquecendo-se muito corre o risco de fracasso ou mesmo de explosão.
Os dois caminhos:
Via úmida:
A via úmida, como o próprio nome já indica, é realizada com água (do orvalho). Esta via é muito lenta, podendo durar meses ou anos e oferece menores riscos. As temperaturas nas várias etapas são consideravelmente menores, tendo em vista que a água ferve a 100 oC. O recipiente utilizado é um balão de vidro ou cristal (também chamado de ovo filosófico, por seu formato) que suporta bem as temperaturas requeridas nesta via. Nunca se deve deixar ferver, pois pode haver uma explosão devido ao aprisionamento de gases no recipiente hermeticamente fechado.
Via seca:
Esta via é bem mais rápida, dura apenas sete dias, porém é bem mais perigosa pois pode haver explosão. Tudo é feito em um cadinho, pequeno recipiente de porcelana aberto em cima com a aparência de um copo, que resiste a altíssimas temperaturas. Não há adição de água. É raramente relatada e praticada, porém os alquimistas que a praticaram a consideram com muito mais chances de obter sucesso.
Uma outra via seca também relatada é a diretíssima, que seria quase instantânea durando apenas três dias. Esta seria realizada a partir da emanação de um tipo de energia na forma de raio diretamente no cadinho e no corpo do alquimista. Porém seria extremamente perigosa podendo até mesmo fazer desaparecer o corpo do alquimista.
Os Alquimistas:
Flamel:
Nicolas Flamel nasceu em 1330 em Pontoise. Após a morte de seus pais, ainda jovem foi trabalhar em Paris como escrivão. Aos vinte e oito anos compra um antigo livro de autoria de Abraham, o Judeu, que continha textos intercalados com desenhos de serpentes, virgens, desertos e fontes d'água. Achou muito intrigante o livro e passou a estudá-lo, descobrindo que se tratava de cabala e alquimia. Nesta época, ele nem sabia o que realmente significava a alquimia. Estudou anos a fio e descobriu que o livro relatava diretamente a Grande Obra, sem contudo indicar a matéria-prima.
Casou-se com Dame Perrenelle, que era viúva, por volta de 1364 e a partir de então consegue uma pequena quantia de dinheiro para se dedicar totalmente a alquimia, quantia esta que a viúva havia herdado do falecido marido. Percorre o caminho de Santiago de Compostela, padroeiro dos alquimistas, e encontra um mestre que lhe passa ensinamentos sobre a matéria-prima. Flamel, a partir de 1380, começa a se dedicar a experimentos alquímicos, consegue produzir prata em torno de 1382 e depois finalmente a transmutação em ouro. Cerca de dez anos mais tarde ao início dos experimentos, começa a realizar um grande número de obras de caridade como a construção de hospitais, igrejas, abrigos e cemitérios e os descora com pinturas e esculturas contendo símbolos alquímicos.
Flamel, apesar de sua súbita fortuna, possuía uma modesta residência e usava roupas humildes. Mas suas vultuosas doações levantaram suspeitas do rei Carlos V que havia proibido, já em 1379, todas as práticas alquímicas mandando inclusive, destruir todos os laboratórios que supostamente fabricasse ouro alquímico. O rei enviou o chefe das finanças para investigar a origem de sua fortuna. Acredita-se que Flamel tenha sido franco com o emissário do rei, tendo inclusive lhe dado um pouco da pedra filosofal. Este voltou sensibilizado com dignidade de Flamel, nada relatando ao rei e durante muitas gerações a pedra ficou guardada em sua família.
Escreveu "O Livro das Figuras Hieroglíficas" em 1399, "O Sumário Filosófico" em 1409 e "Saltério Químico" em 1414 . Relatos mencionam que o casal, aos 60 anos de idade, possuía um aspecto jovem não condizente com as pessoas da mesma faixa etária da época. Flamel faleceu em 1417, porém alguns viajantes relatam terem o encontrado no oriente com sua esposa , após sua suposta morte. Ele teria sido um ser iluminado que quis viver entre os homens. Acredita-se que todo o relato de Flamel desde o encontro do livro até a peregrinação a Santiago de Compostela e seu encontro com o mestre são alegorias para explicar a matéria-prima e o conhecimento adquirido através do estudo da alquimia.
Paracelso:
Paracelso (Aureolus Phillippus Teophrastus Bombast von Hohenheim), que assim se intitulava por se considerar "além de Celso", nasceu a 10 de novembro de 1493, em Einsiedeln, um vilarejo nas montanhas da Suíça alemã. Seu pai Wilhelm Bombast era médico e o ensina desde cedo, utilizando sua biblioteca particular, os segredos da medicina. Seu avô foi o Grão Mestre da Ordem dos Cavaleiros de São João, Georg Bombast von Hohenheim, do qual seu pai era filho bastardo. A ordem dos Cavaleiros de São João recebeu todo o acervo da Ordem dos Templários, quando estes foram perseguidos pela Igreja. Os Templários eram uma ordem monástico-militar, que tinham o objetivo de defender a Terra Santa dos muçulmanos e possuíam o conhecimento do esoterismo islâmico, sendo famosos pelo uso da Alquimia e por, supostamente, utilizarem poderes sobrenaturais. Provavelmente, Paracelso teria se iniciado na Alquimia com o seu avô por intermédio da herança dos Templários.
Posteriormente teria feito parte de uma irmandade de alquimistas, da qual teria recebido a tarefa de passar seus conhecimentos para a Medicina, pois na época esta se encontrava nas trevas da ignorância. Ainda moço foi morar na Áustria, país no qual seu pai foi trabalhar, podendo assim observar as doenças que mais assolavam os trabalhadores das minas de Fuggers (o dono destas minas era o alquimista tirolês Segismundo Fugger). Frequentou as Universidades da Alemanha, França e Itália, estudando Medicina em Viena com Nicolo e em Ferrara, com Trithemius (alquimista e célebre abade do convento de São Jorge, em Wurzburg) e Leoniceno, obtendo seu grau de doutor em 1515. Há indícios de que também tenha estudado em Bolonha como aluno de Berengário de Capri, responsável pela cadeira de Anatomia. No período 1517 a 1524, viajou como médico em vários exércitos, pela Holanda, Escandinávia, Prússia, Tartárea, e possivelmente no Oriente próximo, adquirindo assim, grande prática no tratamento de diversas enfermidades. Logo depois, retornou para as minas de Fuggers onde estudou as condições de saúde dos mineiros.
Neste contexto, surgem as revolucionárias idéias de Paracelso – durante o estudo da Medicina, Paracelso se rebela contra os conhecimentos ortodoxos – apresentando uma visão totalmente oposta a vigente, considerando o ser humano como um todo integrado e harmônico constituído de mente e corpo. Acreditava que a anima – conceito semelhante ao princípio vital, posteriormente introduzido pelos homeopatas – governava o organismo. Criou uma filosofia química para interpretar o mundo, considerando a Criação como um grande processo químico divino e acreditando que as doenças eram fruto de reações químicas produzidas pelo organismo.
Suas idéias revolucionárias, eram fruto de uma importante formação alquímica (Paracelso é considerado um dos mais controversos alquimistas de todos os tempos). A Alquimia, para ele, não tinha o intuito de transformar metais em ouro, mas sim servir como instrumento auxiliar no restabelecimento da saúde, sendo utilizada como base para o preparo dos medicamentos minerais, através de técnicas alquímicas de separação e purificação.
Paracelso combateu os princípios da medicina tradicional – considerados por ele obscuros e sem fundamento, nas universidades eram ensinados: magia e ocultismo – propondo uma terapêutica química. Percebeu a possibilidade de utilização dos conhecimentos da Alquimia na medicina, na formulação e descobrimento de novos medicamentos, sendo o precursor da Iatroquímica – que mais tarde deu origem à Química – além de antecipar vários fundamentos da homeopatia, farmacologia, medicina psicossomática, psicologia e bioenergética.
Ensinou suas idéias em uma universidade na Basiléia por volta de 1527 e chegou a queimar em praça pública os livros escritos por Galeno e Avicena, em sinal de protesto contra os conceitos contidos nestas obras. Entretanto, a Basiléia era uma cidade em que os estudiosos cultuavam as ciências e filosofias antigas e, portanto, Paracelso foi duramente criticado, fazendo tantos inimigos, que precisou fugir da cidade. Assim iniciou-se uma longa e triste luta em prol do bom senso na medicina, que tinha reflexos ostensivos sobre sua fama e condição financeira – alternava entre fortuna e miséria. Outros locais nos quais lecionou foram Colmar (1528), Nuremberg (1529), Saint-Gall (1531), Pfeffer (1535), Augsburgo (1936), e Villach (1538). Rebelou-se também contra o sistema de ensino das ciências. Nesta época, a língua científica escrita e falada era o latim e Paracelso acreditava que isto prejudicava a difusão do saber, pois somente poucos eruditos tinham acesso as universidades e podiam usufruir do conhecimento. Neste contexto, tentou introduzir uma língua mais acessível ao povo – o alemão – em seus escritos e aulas, fato que foi seguido, posteriormente, por vários outros sábios.
Paracelso foi, por tudo isto, denominado o "médico maldito" e sua doutrina constantemente veiculada ao ocultismo – por conta de crer em "influências astrais". Apesar disto, hoje podemos perceber suas grandes contribuições para o desenvolvimento da Química e Medicina.
A maior parte de suas obras foram publicadas após sua morte, sendo que entre 1589-1591, apareceram as primeiras edições de seus trabalhos, quase completos, que versam sobre clínica médica, diagnóstico, farmacologia, filosofia, teologia, Alquimia, influência dos astros, magia, formulação e prescrição dos medicamentos. São, na realidade, uma mistura de contribuições originais e afirmações ingênuas. Suas obras consideradas como mais importantes são Suas principais obras o Tratado Sobre as Feridas Abertas (1528), Paramirum (1530-1531). Chirurgia Magna (1536), De Gradibus (1568), Tratado Sobre as Enfermidades dos Mineiros (1576), Opuúsculo sobre os Banhos Minerais (1576) e De generatione stultorum (tratado no qual correlaciona o cretinismo com o bócio endêmico). Escreveu também um livro de profecias Os Prognósticos, que não conseguiu igualar as Centurias escrito por Nostradamus – este, como Paracelso, era médico, astrólogo e alquimista.
No ano de 1538 abandonou a vida pública, possivelmente por problemas de saúde. Relatos indicam que tenha sido por conta de uma doença que permanece desconhecida até a atualidade. Retirou-se para Mindelheim, cuidando de sua saúde e colocando em ordem suas obras. Em 1540 foi para Salzburgo, com intuito de desfrutar um melhor clima. Deste período até sua morte, dedicou-se profundamente a espiritualidade, quando escreveu seus trabalhos mais místicos, dentre eles, alguns comentários sobre a Bíblia Sagrada.
A descrição de sua morte constitui um assunto controverso, para o qual existem várias hipóteses. ficou internado no Hospital de São Estevão e, tempos depois, mudou-se para a Estalagem do Cavalo Branco, em Kaygasse, esperando pelo fim de sua laboriosa jornada. Morreu aos 48 anos, em 1541, sendo enterrado na Igreja de São Estevão. Aproximadamente em 1590 foi transferido para um local de honra no próprio cemitério da Igreja e, em seu túmulo foi colocada uma inscrição de mármore com os dizeres: "Aqui jaz Philippus Teophrastus von Hohenheim. Famoso doutor em medicina que curou toda a espécie de feridas, a lepra, a gota, a hidropisia e outras enfermidades do corpo com ciência maravilhosa. Morreu em 24 de Setembro do ano da graça de 1541."
Entretanto, para Jung, Paracelso teria morrido em Salzburgo e enterrado junto com os pobres do Asilo de Velhos no cemitério de São Sebastião e que, no século XIX, seus restos mortais foram exumados, havendo o intrigante achado de um esqueleto com uma pelve feminina. Este relato, sugere que Paracelso poderia ter simulado a própria morte, para fugir da perseguição incessante comandada por vários médicos ortodoxos. Seu pedido de que fossem executados os salmos I, VII e XXX em seu funeral, pode-se constituir num indício desta hipótese: "Eu te exaltarei, ó Senhor, porque tu me livraste e não permitiste que os meus inimigos se regozijassem contra mim. "Senhor, meu Deus, clamei a ti por socorro e tu me saraste. "Da cova fizeste subir a minha alma; preservaste-me a vida para que não descesse à sepultura." (Salmo XXX) Há indícios de que Nostradamus, teria se encontrado com Paracelso na Alemanha, alguns anos após a data da suposta morte deste último.
Nostradamus:
Suas profecias ficaram tão conhecidas que chegam a ofuscar o restante de sua obra. Ele foi médico, alquimista e astrólogo. Michel de Notre-Dame nasceu em 14 de Dezembro de 1503 em St. Remy, seu pai era tabelião e seus dois avôs médicos. Foi seu avô, que também era cabalista, que ficou responsável por sua educação, ensinando-lhe desde cedo astrologia. Diplomou-se em Avignon como mestre em Artes, estudando literatura, história, filosofia, gramática e retórica. Sua família era judia e Nostradamus teve que se converter ao catolicismo para fugir da inquisição.
Cursou medicina em Montpellier, onde ingressou com dezoito anos, em 1523. Tornou-se amigo de François Rabelais. Recebeu o título de doutor em 1533 e latinizou seu nome para Miguel de Nostradamus. Passou algum tempo viajando pela Europa, onde combateu a peste com métodos contrários aos empregados em seu tempo. Foi convidado por um alquimista, Julius César Scalinger para conhecer suas pesquisas em Tolouse e permaneceu por algum tempo em sua casa. Casou-se com Marie Auberligne, que era uma grande estudiosa e auxiliava Scalinger em seus experimentos. Foi aí que aprofundou seus conhecimentos em Alquimia utilizando a biblioteca escondida, por serem obras proibidas pela Igreja, na casa de Scalinger.
Mudou-se para Ange, próximo a Toulose, atuando como médico. A noite, constantemente ia para a biblioteca de seu amigo estudar as obras proibidas. Teve dois filhos e um trágico desfecho, sua mulher e filhos contraíram a peste e faleceram. Nostradamus ficou desolado e recluso na Bretanha, na floresta de Brocelândia, conhecida como a residência do Mago Merlin. Após isso passou um período de intensas viagens.
Em 1546 combateu novamente a peste, desta vez em Provence onde residia o seu irmão que era prefeito da cidade, obtendo ótimos resultados, utilizou técnicas e conhecimentos que anteciparam em 300 anos as descobertas de Pasteur. Associando a transmissão da peste a microrganismos, desinfetou ruas e casas, queimou os mortos e suas roupas, além de desenvolver medicamentos de animais e vegetais. Casou-se com Anne Posard uma viúva de 27 anos e tiveram seis filhos. Trabalhava durante o dia como médico e durante as noites escrevia as suas professias. Ensinou sua mulher e cunhada a fazerem perfumes que ficaram famosos.
Publicou a primeira edição das Centurias em 1555 e a previsão que o tornou famoso, o anúncio da morte do rei da França Henrique II em um duelo a cavalo, que se concretizou três anos depois. Conquistou a admiração da rainha Catarina de Médicis esposa de Enrique II, obtendo assim sua proteção, conseguindo escapar da inquisição.
Newton:
Isaac Newton (1642-1727). Físico e matemático Inglês, um dos maiores gênios de todos os tempos. Nasceu prematuramente, já órfão de pai, no ano de 1642. Desde cedo demonstrou ser dono de uma inteligência prodigiosa, tal a facilidade com que resolvia problemas e criava engenhos. Aos doze anos, entrou para a escola pública. Entretanto, por decisão de sua mãe, foi posto a trabalhar como lavrador. Mas, Newton era um obstinado por seus livros e por fim, foi-lhe dado um voto de confiança, sendo permitida a volta aos estudos, prosseguindo no Trinity College em Cambridge. Formou-se e graças a seus estudos vitoriosos sobre a natureza da luz branca (que descobriu ser a combinação de todas as cores do espectro), foi eleito membro da Real Academia Britânica de Ciências. Aos vinte e sete anos foi eleito Professor Titular de Matemática da Universidade de Cambridge. Por essa época elaborou o cálculo infinitesimal. Algum tempo depois, Newton formulou sua explicação para o universo, baseada na atração da matéria, mas, relutou durante muito tempo em publicar suas idéias. Finalmente foi convencido pelos amigos a expor ao mundo a beleza e a precisão de sua teoria, publicando então sua obra Philosophiae Naturalis Principia Mathematica.
Após a publicação dos Principia – que permaneceu incompreensível e rejeitado pelos cientistas de sua geração -, Newton entrou para a política. Foi nomeado, por influência de amigos da côrte, Superintendente da Casa da Moeda. O grande cérebro do físico e matemático subjugava-se a um simples trabalho burocrático, o que lhe valeu um papel de ridículo na sociedade.
Em uma carta que escreveu em 1676, Newton relata: "Existem outros segredos além da transmutação dos metais, e os grandes mestres são os únicos a compreendê-los". Newton era um iniciado, que acreditava que a Alquimia deveria permanecer secreta e por isso nunca publicou os resultados de seus experimentos alquímicos, apesar de possivelmente ter obtido êxito em alguns deles. Por este motivo este lado de Newton é pouco conhecido, porém toda a sua obra foi gerada a partir destes conhecimentos, ele dava uma interpretação materialista ao esoterismo, tanto, que em um de seus livros, seus opositores afirmavam que as forças de Newton eram forças ocultas. Na realidade, estas forças eram muito semelhantes as tradições herméticas.
Em 1940, Dobbs estudou os inúmeros manuscritos alquímicos escritos por Newton e escreveu um livro intitulado "Os Fundamentos da Alquimia de Newton". Newton buscava na Alquimia encontrar a estrutura do microcosmo. Apesar de seus intensos estudos sobre o assunto, que duraram de 1668-1696, ele não conseguiu explicar as forças que governam os corpos pequenos. Newton consumiu seus dias numa velhice tranqüila, distante de polêmicas ou disputas. Queria apenas a tranqüilidade das horas passadas em seu solar, meditando acerca das obras alquímicas. Faleceu a 28 de março de 1727.
Roger Bacon:
Foi um dos maiores sábios da época e estudou a Alquimia, realizando inclusive experimentos com transmutação de metais. Nasceu em 1214 na Inglaterra. Estudou em Oxford e Montpelier. Foi professor de Filosofia na Universidade de Paris. Em 1250 abandonou a cadeira para tornar-se monge da Ordem de São Francisco de Assis. Roger Bacon tencionava uma vida tranqüila, onde pudesse contemplar o mundo e extrair-lhe a verdade, sem precisar decorar os Dogmas Aristotélicos.
Bacon trabalhou na correção do Calendário Juliano, aperfeiçoou instrumentos de óptica e aproximou-se bastante dos princípios que permitiram a confecção de óculos e telescópios (construídos séculos mais tarde). Fabricou pólvora mas ocultou a fórmula pois temia que esta perigosa invenção caísse em mãos de homens inescrupulosos. Com sua mente iluminada, anteviu várias invenções modernas, tais como telescópios, microscópios, aviões, entre outras.
Foi no seio da ordem onde procurava recolhimento que caiu em desgraça. Os Franciscanos não toleraram os freqüentes questionamentos do frade e suas experiências e após uma série de advertências, resolveram encarcerá-lo na prisão. No entanto ele gozava da simpatia do Papa Clemente IV, que ordenou sua soltura. Porém em 1282, após a morte de Clemente IV, seus escritos foram condenados e ele novamente preso. Bacon permaneceu preso por dez anos, sendo solto, cansado e desgostoso, morreu dois anos depois, em 1294. Entretanto, sua vida no cárcere foi rica em reflexões. Escreveu várias obras, entre as quais figura como grande trabalho de sua vida o livro Opus Majus, manuscrito de caráter enciclopédico que ficou perdido por cerca de 450 anos (foi encontrado e publicado em 1733). Sua obra alquímica foi reunida no século XVII com o nome Tesouro Químico de Roger Bacon e era composta dos seguintes livos: Alquimia Maior, O Espelho da Alquimia, Sobre o Leão Verde, Breviário do dom de Deus, Os Segredos dos Segredos, além de outras anotações.

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